terça-feira, 30 de agosto de 2011

Portas e janelas.

Em Veja, encontrei, abri a porteira e entrei na fazenda de Brizola

Mas a revista preferiu não publicar uma linha sobre o achado no Uruguai: fora invasão de domicílio

30 de Agosto de 2011 às 17:44

Marco Damiani

É, os tempos mudaram. Corria o ano de 1987. Depois de ter sido repórter na sede em São Paulo, Veja me enviou para Porto Alegre como chefe da sucursal da revista. Ali, certo dia veio a pauta que me levaria ao Uruguai para percorrer os caminhos feitos pelo então governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, em seu exílio logo após o golpe de 1964. Uma reconstituição. Pairava uma suspeita cheia de certezas, entre os editores da revista, de que Brizola mantinha uma fortuna em imóveis no país vizinho, especialmente uma fazenda que, nos ecos que chegavam à redação, era imensa e valorizadíssima. Ninguém sabia exatamente onde ficava, eu teria de descobrir. Foi comigo o então fotógrafo da sucursal, Adolfo Gerchman.
Estivémos, primeiro, no hotel em que Brizola e família se hospedaram, dias após o golpe, corridos pela ditadura, no centro de Montevidéo. Uma suíte minúscula, mais parecida com aquelas do antigo trem de prata, que aproximava com seu vagão leito Rio e São Paulo. Havia, na habitação provisória de Brizola, dona Neusa e seus filhos uma porta que a unia à suíte vizinha. Esta fora ocupada, naquele momento histórico, pelo casal Maria Tereza e João Goulart. O presidente derrubado e a linda primeira-dama! Naquele cubículo... Unidos aqui, Brizola e Jango também estavam colados lá. O camareiro do hotel, que nos levou até a  habitação com autorização do gerente, disse que durante quase todo o tempo em que as famílias Brizola e Goulart estiveram lá, a porta interna ficava aberta.
Quando a situação se estabilizou e o governo uruguaio garantiu a Brizola sua permanência no país, ele e família rumaram para a vizinha Atlântida, uma praia do rio da Prata com perfil de classe média média, vizinha à capital, de prédios de três andares com pequenos apartamentos, num dos quais passaram a morar. Também estivemos lá.
Dali, sempre de olho no que acontecia no Brasil, o então governador gaúcho cassado, perseguido e exilado mudou-se para um apartamento num simpático prédio de tijolinhos à beira do rio, em Montevidéo. Ficava bem defronte à embaixada dos Estados Unidos que, anos depois, findaria por conceder a Brizola e os seus um visto de entrada e permanência no país. Quase uma questão humanitária. Por mais que fosse bem recebido no Uruguai, pela proximidade com o Brasil o político inflamado tinha o receio, justificado, de que estava sendo vigiado e poderia, a qualquer momento, ser sequestrado pela ditadura brasileira. Igualmente visitei esse apartamento, sem luxo e muito simpático. O síndico do prédio nos deu acesso.
E havia a fazenda de Brizola a descobrir. Foi preciso fazer muitas perguntas para saber onde ela ficava. Naquele 1987, Brizola, então governador do Rio em final de primeiro mandato, costumava passar alguns finais de semana e pequenas temporadas na própria fazenda. A propriedade era quase uma lenda: a misteriosa fazenda de Brizola...
Obtivemos a informação: chamava-se Repetchó (que significa pequena subida) e ficava no departamento de Durazno, no interior do país. Acertamos com um taxista e fomos para a estrada. Talvez duas, três horas de viagem, se me lembro bem. Numa estradinha de terra, depois de muito rodar, veio a pequena elevação e, pouco depois, do nosso lado direito, cercada por arame farpado, vimos as terras de Brizola. Perto das demais à sua volta, todas com grandes extensões, a fazenda mais parecia, na boa, um sítio de final de semana. Tinha uma casa simples e, ao lado dela, uma construção de acabamento humilde com janelão de vidro frontal. Era ali que Brizola gostava de ficar, me disse o caseiro, olhando um pequeno rebanho de ovelhas. Gerchman chegou a fazer a foto, lembro-me do cromo revelado. Para saber isso, tivemos, é claro, de empurrar a porteira de madeira com a mão e entrar. Não havia campainha a tocar. Não me pareceu o caso de berrar para chamar alguém. E eu tinha de entrar! Em fazendas, de resto, muita gente entra assim, abrindo a porteira com as próprias mãos e avançando até encontrar alguém responsável pela propriedade. Foram poucos passos até encontrarmos essa pessoa. Um homem, o caseiro. Ele foi econômico nas palavras e avisou que não poderíamos ficar. Acreditava que o govenador não iria gostar nada daquilo. Agradecemos, voltamos por onde havíamos entrado e retornamos, com a sensação de missão cumprida, para Montevidéo. Escrevi a matéria, que iniciava com um cálculo, em dólares, segundo os valores do mercado imobiliário local, do quanto valiam as propriedades de Brizola no Uruguai (o apartamento e a fazenda). Passei por telex, que não existiam celular, internet para todos, nada disso. Dei o tempo regulamentar para a matéria ser lida e telefonei para o editor de Brasil. “Vocês fizeram um ótimo trabalho”, me disse ele. “Mas não vamos publicar uma linha sequer”. Eu não perguntei nada, e mesmo assim me foi explicado: “O Brizola ligou aqui, disse que Veja invadiu uma propriedade particular dele e que, se sair uma linha, vai processar a revista. Estamos fora!”.
Naquele tempo, o expediente de Veja tinha José Roberto Guzzo como diretor de redação, Elio Gaspari como diretor de redação adjunto e Paulo Moreira Leite como editor de Brasil.

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Educação Básica.

Educação básica

Docentes debatem em seminário o ensino da língua portuguesa

Segunda-feira, 29 de agosto de 2011 - 18:33
As práticas didáticas de formação dos docentes no âmbito do ensino da língua portuguesa são o tema do seminário A escrita sob foco: uma reflexão em várias vozes. Cerca de 400 educadores estão reunidos, em Brasília, para debater, até a próxima quarta-feira, 31 de agosto, as possibilidades do ensino da língua com enfoque na escrita.

Na abertura do seminário, nesta segunda-feira, 29, a secretária de educação básica do Ministério da Educação, Maria do Pilar Lacerda, disse que o seminário é momento de diálogo entre os educadores que mudaram a sua prática pedagógica a partir da participação na Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro. Para Pilar, os professores devem registrar a sua prática para fortalecer a troca de experiências. “É importante pedir para vocês registrarem o que fizeram de transformador na sala de aula, para que outros professores tenham acesso”, afirmou.

A professora Ana Maria de Carvalho Leite, que leciona no ensino fundamental e médio de Manhumirim (MG), entende a olimpíada como um concurso que estimula tanto os alunos quanto os professores. “A equipe pedagógica se une pela olimpíada e a escola fica toda envolvida na competição”, observou. Para Ana Maria, o seminário servirá para enriquecer e aperfeiçoar a sua experiência pedagógica durante o seminário. “Novas ideias a respeito da metodologia aplicada serão apresentadas”, disse.

Durante o seminário, a técnica educacional Roberta Fachetti Horta, da Secretaria Municipal de Colatina (ES), espera aprofundar as temáticas da língua portuguesa para o trabalho com os alunos e professores de sua rede. Ela lembrou que os professores de língua portuguesa têm o desafio de “mostrar para o aluno o quanto ler é prazeroso”.

Para Geraldo Grossi Junior, representante da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação de Cuiabá (MT), o seminário servirá como subsídio “para o fortalecimento do exercício profissional dos professores de língua portuguesa no ensino fundamental e médio”.

Os educadores participarão, até a próxima quarta-feira, 31, de conferências, grupos de trabalho sobre a prática docente e do lançamento da publicação “O que nos dizem os textos dos alunos”. Após o seminário, um documento com indicações para políticas públicas na área do ensino de língua portuguesa será formulado.

Assessoria de imprensa da SEB
Palavras-chave: educação básica, formação do professor, língua portuguesa
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Contra o Trabalho Escravo.

30/08/2011 09:20

Agência Câmara promove hoje bate-papo sobre trabalho escravo

Os comentários feitos por internautas serão reunidos em um relatório junto com outras manifestações da população recebidas pela Câmara.
Saulo Cruz
Domingos Dutra
Domingos Dutra vai responder perguntas de internautas no dia 30, a partir das 15 horas.
A Agência Câmara de Notícias promove hoje, às 15 horas, bate-papo pela internet com o presidente da Frente Parlamentar Mista pela Erradicação do Trabalho Escravo, deputado Domingos Dutra (PT-MA).
Para participar, basta entrar no site da agência (www.camara.gov.br/agencia) no dia e hora marcados e clicar no link para o bate-papo.
Os comentários feitos por internautas no chat serão reunidos em um relatório a outras manifestações da população recebidas pela Câmara (por meio do Disque-Câmara, da ouvidoria ou de e-mail, entre outros serviços) e entregues aos deputados interessados no tema, além de serem divulgados pela Agência Câmara. A medida faz parte do projeto Participação Legislativa.
PEC do Trabalho Escravo
A Frente pela Erradicação do Trabalho Escravo atua para votar em segundo turno a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 438/01, que determina o confisco de terras onde for constatada exploração de trabalhadores em condições análogas à de escravidão. A matéria já foi aprovada pelo Senado e aguarda a segunda votação na Câmara desde agosto de 2004.
Conforme calendário de votações proposto pelo presidente da Câmara, Marco Maia, a PEC poderá ser votada nos dias 13 e 14 de setembro.
O texto que será votado determina a expropriação das propriedades rurais e urbanas onde houver trabalho escravo. No campo, essas propriedades serão destinadas à reforma agrária e, nas cidades, a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Além disso, serão confiscados os produtos apreendidos em decorrência da exploração do trabalho escravo.
Obstáculos
Na avaliação de Domingos Dutra, vários motivos retardam a votação da PEC em segundo turno. Entre eles, estaria a atuação da bancada ruralista na Câmara e de empresários que exploram mão de obra em situação análoga à de escravidão. Para o parlamentar, apesar dos avanços na fiscalização o Poder Público também tem sido omisso. “Hoje já existe a sanção penal e a administrativa, mas falta a patrimonial, que é prevista na PEC”, afirma.
O texto da PEC, no entanto, preocupa o presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, deputado Moreira Mendes (PPS-RO). O parlamentar se diz contrário à contratação de mão de obra escrava, mas acredita que a falta de clareza sobre esse tipo de trabalho poderá gerar injustiças contra produtores rurais e empresários urbanos.
Para Moreira Mendes, a expropriação prevista na proposta é uma violência contra os direitos e garantias das pessoas. Muitos, diz ele, poderão ser punidos sem que os fatos sejam apurados de fato.
“Na área rural, por exemplo, há muita subjetividade por parte dos fiscais do trabalho e dos promotores. Sei que eles cumprem a função deles, mas falta clareza na legislação sobre o assunto. Para uns, o trabalhador almoçar com seu prato embaixo de uma mangueira ou urinar atrás de árvores caracteriza trabalho escravo. Mas vai-se colocar banheiro químico em uma lavoura enorme?” questiona.
O Código Penal (Decreto-lei 2.848/40) define o trabalho em condição análoga à de escravo como a conduta de submeter trabalhador a trabalho forçado ou degradante, servidão por dívida e jornada exaustiva. Na Câmara, tramita o Projeto de Lei 5016/05, do Senado, que torna mais clara a definição.
Mobilização
Como presidente da Frente pela Erradicação do Trabalho Escravo, Domingos Dutra espera conseguir uma audiência com a presidente Dilma Rousseff, para que ela ajude a mobilizar a base do governo pela votação da PEC do Trabalho Escravo.
Segundo o coordenador da organização especializada no assunto Repórter Brasil e integrante da Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo, Leonardo Sakamoto, sempre existiu trabalho escravo no Brasil, nas áreas rural e urbana. O problema tem vindo à tona desde 1995, em razão das ações do governo federal.
Conforme dados do Ministério do Trabalho e Emprego, mais de mil operações foram realizadas entre 1995 e 2010 em todo o País, resultando no resgate de quase 40 mil trabalhadores. Entre os setores que mais utilizam mão de obra em condição degradante, estão a pecuária, as plantações de cana-de-açúcar, as carvoarias e, nas cidades, as confecções de roupas e a construção civil.
“Encontra-se trabalho escravo em momentos de expansão de empreendimentos econômicos”, explica Leonardo Sakamoto. “O produtor não está suficientemente capitalizado ou não quer gastar dinheiro e, para competir no mercado global, corta custos onde é mais fácil, do lado do trabalhador. Ele não tem como cortar, por exemplo, no preço de insumos e de matéria-prima.”
Na opinião de Sakamoto, o combate do trabalho escravo passa pelo fim da pobreza, da ganância dos empresários e também da impunidade. “O Congresso tem que aprovar leis como a PEC do Trabalho Escravo”, reforça.
*Matéria atualizada no dia 29/08

Íntegra da proposta:

Reportagem - Noéli Nobre
Edição - Juliano Pires

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara de Notícias'

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Reforma Agrária.

Se o campo não planta, a cidade não janta

do BLOG DO CELSO JARDIM
Reforma agrária dá um passo à frente
A principal conquista anunciada pelo ministro foi a suplementação de R$ 400 milhões no orçamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para obtenção de terras para a Reforma Agrária.
Além disso, houve a liberação dos R$ 15 milhões do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), que estava contingenciado, e será implementado o Programa de Alfabetização Rural, nos moldes propostos pela Via Campesina
O governo vai financiar também um programa de agroindústria em assentamentos, com R$ 200 milhões para projetos de até R$ 50 mil e outros R$ 250 milhões para projetos até R$ 250 mil.
Para o dirigente do MST e da Via Campesina João Paulo Rodrigues, o conjunto das respostas do governo federal é uma “conquista importantíssima”, saldo da mobilização de uma jornada que mobilizou 20 estados e mais de 50 mil trabalhadores rurais.
Gritando e cantando refrões os trabalhadores comemoraram, "Se o campo não planta, a cidade não janta".
As conquistas da Via Campesina e do MST na jornada de lutas
-R$ 400 milhões para o orçamento do Incra para obtenção de terras para a Reforma Agrária.
- Liberação de R$ 15 milhões contingenciados do Pronera.
- Programa de Alfabetização Rural, nos moldes propostos pela Via Campesina.
- Agroindústria em assentamentos: R$ 200 milhões para projetos de até R$ 50 mil e outros R$ 250 milhões para projetos até R$ 250 mil, todos esses créditos a fundo perdido.
- MDA e Incra devem apresentar entre 7 e 10 de setembro um plano emergencial de assentamento até o fim do ano, mas também com vistas até 2014.
- Dívida: crédito de até R$ 20 mil, com juros de 2% ao ano e prazo de pagamento de sete anos, para quitar as dívidas atuais, liberando o acesso a novos créditos no Pronaf.
- Inclusão das áreas de Reforma Agrária no Programa de Habitação que o governo anunciará semana que vem.
- Produção Agroecologia Integrada e Sustentável (PAIS) terá recursos necessários para os projetos apresentados.
- Instalação de Grupo de Trabalho para elaborar nova regulamentação para uso dos agrotóxicos.
- Implementação de 20 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFETs).
- Cultura: criação de editais para bibliotecas, cinema e produção audiovisual, específicos para o campo.
- Programa de liberação de outorgas para rádios comunitárias em assentamentos.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Nossa História bem resolvida.

  Precisamos deixar de herança para as futuras gerações a Hitória de nosso Brasil bem resolvida.Temos o dever de solucionar para que a história seja contad e recontada sem requísios de amarguras.E principalmente deixar como bons exemplos os métodos utilizados para o discorrer da história.  Métodos que respeitem a dignidade e a paz..

 

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Infração de Direitos de Crianças Palestina, a ONU tem conhecimento desse fato?

Crianças palestinas são presas e julgadas ilegalmente por Israel, diz relatório

Dezenas de crianças de 12 e 13 anos foram presas desde 2005
Em relatório divulgado nesta segunda-feira, o grupo B’Tselem diz que cerca de 93% dos menores palestinos apreendidos na Cisjordânia foram julgados em tribunais militares e condenados a penas de até 20 meses.
Nos últimos seis anos, segundo o grupo, 19 crianças palestinas de 12 e 13 anos foram presas por até dois meses, por atirar pedras em soldados israelenses.
No entanto, os tribunais domésticos de Israel proíbem a detenção de qualquer criança menor de 14 anos.
Leia mais:
Segundo o correspondente da BBC na Cisjordânia Jon Donnison, o Exército israelense disse em um comunicado que atirar pedras é uma "transgressão criminal séria" e que muitas crianças estavam sendo exploradas pelo que foram chamados de "grupos terroristas".
Prisão
Para o relatório, pesquisadores do B’TSelem entrevistaram 50 menores palestinos, que descreveram as suas apreensões, desde o momento em que foram pegos até o momento em que foram libertados.
Destes jovens, 30 disseram que foram retirados de suas casas no meio da noite e que seus pais não puderam acompanhá-los. Mais de 20 disseram que não puderam dormir, ir ao banheiro ou comer enquanto esperavam pelo interrogatório, segundo o relatório.
De acordo com o levantamento, somente uma das mais de 800 crianças, entre 12 e 17 anos, apreendidas entre 2005 e 2010, foi libertada sem cumprir tempo de prisão.
O grupo diz ainda que muitas crianças são pressionadas para se declarar culpadas, para que obtenham sentenças menores e não precisem aguardar o julgamento na cadeia.
Leia também:
Jovens que tinham até 14 anos no dia da sentença não eram presas por mais de dois meses, segundo o relatório. No entanto, 26% dos menores de 14 e 15 anos cumpriram pena de quatro meses ou mais e 59% dos jovens de 16 e 17 anos cumpriram penas a partir de quatro meses, de acordo com o levantamento.
"Todos os oficiais envolvidos com os casos de menores palestinos que atiram pedras - policiais, juízes e soldados que servem na Cisjordânia - estão perfeitamente cientes da realidade deste relatório", afirma a publicação.
"No entanto, o único pedido de mudança veio na forma de declarações de poucos juízes, e nenhuma ação foi tomada para pôr fim à infração dos direitos dos menores."
Os territórios palestinos da Cisjordânia, da Faixa de Gaza e do leste de Jerusalém são ocupados por Israel desde 1967.
BBC Brasil

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Lutadoras da dignidade e dos direitos.

TVNBR

Marcha das Margaridas 2011 reúne milhares de mulheres do campo em Brasília

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Milionários MImados,é hora de dividir Direitos e Deveres.

O SARAIVA

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Buffett e impostos: chega de mimar os super-ricos

Buffett: se ele soubesse que o super-rico brasileiro é o lanterninha ...

Saiu no Tijolaço, de Fernando Brito:

De um bilionário americano para a turma do “Cansei”


Aquele pessoal Associação Comercial de São Paulo que patrocina o impostômetro e a turma do “Cansei” deveriam ler o artigo que publica hoje, no The New York Times, o megainvestidor americano Warren Buffett, o terceiro homem mais rico do mundo. Aliás, ele era o primeiro, antes de ser ultrapassado por Bill Gates e pelo mexicano Carlos Slim, o tubarão das telecomunicações.


O título do artigo diz tudo: “Parem de mimar os ricos“.


Buffett não poderia ser mais claro. Usa o valor do que ele próprio paga de imposto de renda e o compara com o que pagam seus subordinados: é ele quem paga menos, proporcionalmente.


Tudo o que ele diz sobre os Estados Unidos, mais seriamente se poderia dizer sobre o Brasil.



Já tivemos 13 alíquotas diferentes de Imposto de Renda, variando entre zero e 55% da renda, de acordo com seu valor. Chegamos a ter apenas duas e, hoje, são cinco, até 27,5%, no máximo. Os EUA, por exemplo, têm cinco faixas, com alíquota maior de 39,6%. No Reino Unido, são três faixas, de 20% a 40%. A França mantém 12 faixas (5% a 57%), e a China nove faixas (15% a 45%).


Além dos pobres, castigados por um sistema regressivo de impostos, que carrega o preço dos produtos muito mais fortemente que a renda – um estudo do Ipea mostra que os pobres pagam, proporcionalmente, três vezes mais ICMS que os ricos – também a nossa classe média é onerada de forma injusta. A incidência percentual de Imposto de Renda é a mesma para quem ganha R$ 3,7 mil ou R$ 370 mil por mês.


Nos últimos anos, até que se diminuiu essa injustiça, criando faixas mais baixas de tributação para rendas menores (7,5%, para renda até 2.246,75) e uma mínima ampliação (de 25% para 27,5%) para a faixa mais alta, embora o “alta” aqui seja uma piada,, em termos mundiais. Mesmo assim, como você vê na tabela, um imposto de renda baixo, em relação a quase todos os países do mundo.


E do qual os mega-rendimentos, por uma série de artifícios, escapam, enquanto o assalariariado não tem como fugir.


Quem sabe um dia apareçam aqui também grandes empresários e investidores que tenham a coragem de dizer o que o bilionário Buffett? Vale a pena ler o seu artigo, que posto no blog Projeto Nacional.

Do Blog CONVERSA AFIADA.

domingo, 14 de agosto de 2011

Meninos de RUA, quem são os responsáveis?





Área Restrita

Multimídia

Multimídia | Vídeos

MENINOS DE RUA, com Eduardo Rezende Melo

Meninos de rua tem sido um assunto negligenciado pelos estudiosos e  operadores do direito nas duas últimas décadas. Foi pensando nisto que Eduardo Rezende  Melo se debruçou sobre o tema, e constatou que  a forma de encarar e tratar este grave problema social reflete como ainda somos prisioneiros de velhos conceitos e preconceitos da velha doutrina menorista.
Por isso, ele defende a elaboração e a implementação de políticas públicas conforme a Doutrina da Proteção Integral e que, sobretudo, respeitem e considerem o querer e a autonomia das crianças e adolescentes.
Confira o programa Justiça e Democracia de 08 de julho de 2011.


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Fenômenos Lunares Divinos em Luas de agosto.

Perseidas estão a bombardear o planeta

Lua atrapalha observação da melhor chuva de estrelas do ano

12.08.2011 - 17:59 Por PÚBLICO

A chuva das Perseidas vai continuar até 22 de Agosto A chuva das Perseidas vai continuar até 22 de Agosto (Jon Nazca/Reuters (arquivo))
A chuva de estrelas originada pelas Perseidas vai alcançar nesta madrugada de sábado a intensidade máxima. O único problema é a Lua, que por estar quase cheia, vai dificultar a observação dos meteoritos que atravessam a atmosfera da Terra.

Todos os anos o fenómeno das Perseidas acontece durante Agosto, quando a Terra atravessa uma região do espaço cheia de material deixado pelo cometa Swift-Tuttle, que faz uma órbita a cada 133 anos.

No céu, estes meteoritos pareciam cair inicialmente da constelação Perseus, que deu o nome a esta chuva de estrelas, actualmente o ponto de origem fica mais perto da Cassiopeia.

Há mais chuvas de estrelas em outros períodos do ano, mas a das Perseidas atinge uma frequência maior do que qualquer outra chuva, com uma média de 90 meteoritos a cair por hora, de acordo com o site Space.com.

Os conselhos para ir ver a chuva de estrelas são os mesmos de sempre: roupa para a noite, um encosto confortável, um local longe da poluição visual das cidades e paciência. Impossível vai ser fugir à luz da Lua que vai estar praticamente cheia e, por isso, vai dificultar a observação dos meteoritos.

As Perseidas vão continuar, embora com menos intensidade, até 22 de Agosto.


terça-feira, 9 de agosto de 2011

Animação explica a origem do dinheiro como riqueza fictícia

"O mundo está endividado. O mundo está em crise. Quer você se interesse ou não pelo assunto, isto já virou lugar comum. A novidade? A dívida não é consequência de um sistema econômico mal gerido, como o noticiário sugere. A dívida é a própria natureza do nosso sistema econômico." Assim começa o filme animado Money as Debt (2006 - Canadá), de Paul Grignon, que explica como o dinheiro se tornou uma riqueza fictícia.

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Práticas Pedagógicas.Olimpíada de Matemática diminui a distância geográfica.

Olimpíada de matemática

Competição pode ajudar escolas a vencer isolamento geográfico

Segunda-feira, 08 de agosto de 2011 - 17:34
 A Obmep envolverá 18,7 milhões de estudantes da educação básica e 150 mil professores. (Foto: Júlio César Paes)Diretores de duas pequenas escolas públicas, uma do município de Major Gercino (SC), e outra de Santa Rosa do Purus (AC), decidiram vencer o isolamento e inscreveram seus alunos para participar da sétima edição da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). As provas da primeira fase serão no dia 17 deste mês.

A Escola Estadual de Ensino Médio Padre Paulino Baldassari, de Santa Rosa do Purus, é isolada pela geografia da região Norte. Só para chegar a Rio Branco, a capital do estado, são oito dias de barco. Já a Escola de Ensino Básico Professor Tercílio Bastos, de Major Gercino, fica no campo, a 20 quilômetros da cidade e seu isolamento se dá pela condição precária da estrada, que é de barro, segundo a diretora da unidade, Miria Jasper.

O isolamento é ponto comum, mas as estratégias de participação na Obmep se diferenciam. A diretora da escola acreana, Giovanna Souza de Matos, inscreveu 22 dos 198 estudantes matriculados no estabelecimento. Segundo Giovanna, esse grupo de alunos gosta muito da disciplina e tem interesse em conhecer outros jovens e o país. “Um possível bom resultado na Obmep será o passaporte para realizar esse sonho”, diz.

A escola Padre Paulino é urbana, tem 198 estudantes do ensino médio, oito professores, sendo dois de matemática. De acordo com a diretora, a escola não tem índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb) porque nunca participou da Prova Brasil. O município tem 4,6 mil habitantes, segundo o censo 2010 do IBGE.

Tercílio Bastos – Situada no campo, a escola catarinense Tercílio Bastos inscreveu todos os estudantes matriculados no sexto ou sétimo ano e do oitavo ou nono ano do ensino fundamental e das três séries do ensino médio. A preparação dos alunos está sendo feita pelo único professor de matemática que a escola tem.

A decisão de participar da Obmep foi tomada pela diretora do estabelecimento, Miria Jasper, e aprovada pelos professores. Segundo ela, como todos os docentes da unidade têm contratos temporários de um ano de duração, eles nunca manifestaram interesse em participar das olimpíadas de matemática e da língua portuguesa nos anos anteriores. “Estamos distantes, estamos no campo, mas temos que vencer o isolamento”, explica Miria, que é graduada em pedagogia.

A escola Tercílio Bastos tem 163 alunos matriculados em turmas do primeiro ano do ensino fundamental ao terceiro ano do ensino médio. Em 2007, o índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb) dos anos finais do ensino fundamental foi de 4,3 pontos e em 2009 alcançou 4,7 pontos, ultrapassando a meta prevista para 2011, que é de 4,6 pontos.

O município de Major Gercino tem 3,2 mil habitantes e fica a 100 quilômetros de Florianópolis.

Obmep – Participam da sétima edição da Obmep 18,7 milhões de estudantes e cerca de 150 mil professores. A primeira etapa será no próximo dia 17, em 44,6 mil escolas públicas, do ensino fundamental e médio, de 5.504 municípios. A segunda fase será em 5 de novembro. Nessa etapa, que define os medalhistas de ouro, prata e bronze e as menções honrosas, as provas serão aplicadas em centros de ensino, por fiscais contratados pela coordenação da olimpíada. A premiação está prevista para fevereiro de 2012.

A olimpíada é promovida pelos ministérios da Educação e de Ciência e Tecnologia, realizada pelo Instituto Nacional de Matemática Pura Aplicada (Impa) com o apoio da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM). O objetivo é estimular o estudo da matemática entre alunos e professores da educação básica.

Ionice Lorenzoni

Consulte a página da Obmep.
Palavras-chave: educação básica, Olimpíada de Matemática, Obmep
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Inglaterra em Crise.

09/08/2011 - 08:19 | Agência Brasil | Brasília

Protestos e saques se ampliam e atingem Londres e outras cidades da Inglaterra

A violência que explodiu nesta segunda-feira (08/08) pelo terceiro dia em Londres se intensificou durante a madrugada desta terça-feira (09/08), atingindo áreas no centro da capital britânica, além de outras cidades do país.

Grupos de jovens mascarados destruíram lojas e restaurantes e atearam fogo em carros, pontos de ônibus e até em delegacias de Londres, Birmingham, Liverpool e Manchester. Incêndios atingiram prédios em vários bairros da capital, inclusive na região central. Autoridades isolaram diversas áreas e retiraram os moradores dos locais mais ameaçados pelo fogo.

Efe

Bombeiros tentam acabar com incêndio em Enfield, Leste de Londres

De acordo com a Polícia Metropolitana de Londres (conhecida como Scotland Yard), 225 pessoas já foram presas em Londres, sendo que 36 foram acusadas formalmente. No início da noite, os distúrbios se concentravam em bairros mais afastados, como Hackney (norte), Peckham e Lewisham (sul). Durante a madrugada, no entanto, a violência chegou a locais mais centrais, como Notting Hill, Clapham, Ealing, Camden e Hampstead.

De acordo com a polícia, foram registrados saques e incêndios nos bairros londrinos de Hackney, Newham, Lewisham, Bethnal Green e Croydon. Segundo a Scotland Yard, três policiais foram feridos em Hackney e dois em Bethnal Green, mas não há informações sobre manifestantes feridos.

Na cidade de Waltham Abbey, a leste de Londres, um centro de distribuição da Sony foi tomado pelas chamas, que atingiram vários metros de altura. Distúrbios também foram registrados em Bristol, no Sudoeste da Inglaterra, e em Leeds, na Região Norte.

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"A violência que nós temos visto é simplesmente indesculpável", disse a comandante da Scotland Yard, Christine Jones. "Pessoas comuns tiveram suas vidas viradas de cabeça para baixo devido a esta brutalidade impensada."

A ministra do Interior britânica, Theresa May, condenou os distúrbios, chamando-os de "pura criminalidade", e disse que os responsáveis devem "encarar as consequências de suas ações".

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o prefeito de Londres, Boris Johnson, resolveram encurtar as suas férias e viajar e voltar rapidamente para o país. Cameron anunciou que vai realizar uma reunião de emergência para avaliar os episódios dos últimos dias.


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Brasil sem Moséria.

09/08/2011

Sai resultado da primeira chamada pública do Brasil Sem Miséria

O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) por meio da Secretaria da Agricultura Familiar divulgou na última sexta-feira (5) o resultado da primeira Chamada Pública de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) do Plano Brasil Sem Miséria.
Nove entidades foram selecionadas para prestar serviços em municípios localizados nos Territórios da Cidadania: quatro em Irecê (BA), quatro no Velho Chico (BA) e uma do Território da Cidadania Serra Geral (MG).
Cerca de 10 mil famílias de agricultores familiares serão beneficiadas. Os critérios de seleção das entidades foram experiência em prestação de serviços de Ater, qualidade da proposta técnica e composição da equipe técnica.
As entidades selecionadas no processo seletivo farão o acompanhamento de famílias em situação de pobreza extrema com renda mensal inferior a R$ 70 por pessoa
Brasil Sem Miséria
O Plano Brasil Sem Miséria foi lançado pela presidenta Dilma Rousseff no dia 2 de junho. Para o meio rural, a prioridade do plano é a inclusão produtiva, com estruturação da capacidade de produção da agricultura familiar por meio de uma assistência técnica diferenciada e fomento para geração de renda.
O conjunto de ações envolve a criação de novos programas e a ampliação de iniciativas existentes, em parceria com estados, municípios, empresas públicas e privadas e organizações da sociedade civil.
O objetivo é incluir a população mais pobre nas oportunidades geradas pelo forte crescimento econômico brasileiro, elevando a renda e as condições de bem-estar da população. Por busca ativa, equipes de profissionais atuarão para localizar, cadastrar e incluir as famílias nos programas.
O Brasil Sem Miséria é direcionado aos brasileiros que vivem em lares cuja renda familiar é de até R$ 70 por pessoa. Do público-alvo, 59% estão no Nordeste, 40% têm até 14 anos e 47% vivem na área rural.
Ascom/MDA

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Espionagem Ilegal. Pt principal alvo.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

50 mil documentos desnudam a central tucana de dossiês: arapongagem criminosa

Reportagem da revista IstoÉ revela como o PSDB se serviu do dinheiro do contribuinte para monitorar ilegalmente seus opositores, sobretudo o PT e os movimentos sociais. Até agora, a grande imprensa misteriosamente se mantém calada.
Lula foi um dos principais alvos da espionagem tucana nos anos 90
Agentes infiltrados em movimentos sociais, centenas de dossiês sobre partidos políticos, relatórios minuciosos com os discursos de oradores em eventos políticos e sindicais. Tudo executado por policiais, a mando de seus chefes. Estas atividades, típicas da truculenta ditadura militar brasileira, ocorreram no Estado de São Paulo em plena democracia, há pouco mais de dez anos. 
Cerca de 50 mil documentos, até então secretos e que agora estão disponíveis no Arquivo Público do Estado, mostram como os quatro governadores paulistas, eleitos pelas urnas entre 1983 e 1999, serviram-se de “espiões” pagos com o dinheiro dos contribuintes para monitorar opositores. 
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Amparados e estimulados por seus superiores, funcionários do Departamento de Comunicação Social (DCS) da Polícia Civil realizavam a espionagem estatal. Até o tucano Mário Covas, um dos maiores opositores do regime militar e ele mesmo vítima de seus métodos autoritários, manteve a “arapongagem” durante todo o seu primeiro mandato e por um período de sua segunda gestão. Entre os alvos preferidos na administração do PSDB aparecem o PT e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), organização sindical fundada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há dezenas de dossiês com informações sobre as duas entidades e seus principais expoentes. Já as investigações a respeito dos tucanos e seus aliados foram suspensas a partir de 1995, quando Covas assumiu o governo de São Paulo. 
A classificação dos documentos, que vieram à tona em uma reportagem publicada pelo portal IG, deixa claro como a polícia a serviço dos políticos paulistas se utilizou exatamente das mesmas práticas que fizeram a fama dos órgãos de repressão militar. As informações coletadas eram organizadas em fichas por códigos alfanuméricos, como no temido Departamento de Ordem Política e Social (Dops), onde opositores do golpe de 1964 foram alvo de interrogatórios e sessões de tortura. Tarimbados profissionais do extinto Dops integravam também a equipe do Departamento de Comunicação Social da Polícia Civil. Delegados de cidades paulistas foram orientados a reportar qualquer acontecimento político-social ao DCS. Codinomes e infiltrações em assembleias grevistas também faziam parte da rotina dos agentes, que relatavam os acontecimentos aos superiores. Em um dos dossiês sobre a CUT, os investigadores autodenominados Gama 30 e Gama 38 relatam a tentativa frustrada de participar de uma assembleia dos funcionários da Fundação Florestal do Estado de São Paulo em 13 de março de 1995. Dizem que “cumpriram a determinação”, mas foram barrados por uma moça na portaria. Os crachás de empregados temporários de que dispunham os agentes trapalhões não eram aceitos na entrada.

Os agentes eram enviados para acompanhar até eventos públicos. “Em cumprimento à determinação de V.S., assistimos no local e constatamos a presença de aproximadamente 250 pessoas juntamente com um carro de som e de uma perua Kombi”, relatam os agentes Gama 45 e Gama 55 sobre manifestação da CUT realizada no dia 10 de março de 1995, na Praça da Sé, em São Paulo. No documento ainda identificam os proprietários dos veículos pelas placas e fazem questão de mencionar que o hoje deputado Vicente Paulo da Silva (PT-SP), o Vicentinho, presidente na época da entidade sindical, discursou no evento. Essa seria apenas uma das diversas arapongagens contra a Central Única dos Trabalhadores na gestão Covas.  
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Em algumas tentativas os arapongas paulistas pareciam conseguir antecipar alguma coisa. “A CUT e entidades alinhadas estão articulando para os dias 06, 07 ou 08/03/99, Praça da Sé, um grande “Ato Público” contra o desemprego e arrocho salarial. Distribuirão no ato, entre outros, o panfleto “Bloco do Bode”, que segue abaixo”, informa o documento sem assinatura ou destinatário. Em seguida, junto de recortes de jornal confirmando a manifestação, há uma lista com 15 policiais designados para ficar de plantão. Procurado pela reportagem de ISTOÉ, Vicentinho mostrou-se perplexo com a espionagem: “Na época do Covas, eles ainda faziam isso? Achei que tinha parado na ditadura. É inimaginável”, diz o ex-líder sindical. “É um absurdo gastar dinheiro público para violar a privacidade das pessoas, ainda mais com interesse político. Graças a Deus nada disso interrompeu a consolidação da democracia”, complementa.

Em tempos tucanos, o Partido dos Trabalhadores (PT) virou o principal alvo. Há pilhas e pilhas de documentos produzidos pelo Departamento de Comunicação Social (DCS) a respeito da sigla. Convenções, disputas internas, gestões municipais do partido e informações das principais lideranças e dos possíveis candidatos a eleições majoritárias eram coletadas pela “polícia política” em plena década de 90. Os nomes do ex-presidente Lula e da hoje senadora Marta Suplicy (PT-SP), que disputaria com Covas o primeiro turno da corrida pelo governo de São Paulo em 1998, aparecem constantemente nos “dossiês PT”. Já para Antônio Palocci, prefeito de Ribeirão Preto no período, criaram um dossiê exclusivo. Na pasta, o ex-ministro é apresentado como uma figura em ascensão no partido e favorável a privatizações. 
Segundo o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Rio de Janeiro, Wadih Damou, as atividades realizadas pelo Departamento de Comunicação Social da Polícia Civil do Estado de São Paulo são ilegais, violam a Constituição e devem ser investigadas com extremo rigor. “Causa mais repulsa ainda que tenham sido feitas em um período democrático. Nunca vi nada parecido. Fico preocupado e penso se isso não continua acontecendo.” O DCS, pelo menos, acabou extinto em 24 de novembro de 1999.
Pedro Marcondes de Moura - Revista IstoÉ