sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Gavião Peixoto - SP "Sobrevôo de ultraleve"; Minha Linda Gavião Peixoto.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Gavião Peixoto: Gustavo Martins Piccolo Prefeito eleito com 64,15% dos votos válidos.

GUSTAVO MARTINS PICCOLO

DADOS ELEITORAIS

Cargo disputadoPREFEITO
Situação da candidaturaDEFERIDO
Município onde concorreGAVIÃO PEIXOTO
UF onde concorreSP
Nome na urnaGUSTAVO PICCOLO
Número eleitoral31
Nome do partidoPARTIDO HUMANISTA DA SOLIDARIEDADE
Sigla / Nº do partidoPHS / 31
Nome do viceJOÃO ALCIDES
Partido do vicePARTIDO DOS TRABALHADORES (PT)
Coligação'GAVIÃO DE CARA LIMPA' (PT / PHS / PV)

1º TURNO           2.067 VOTOS    Eleito

GENTE NOSSA

GUSTAVO MARTINS PICCOLO


Indicado pelo PHS (Partido Humaninsta da Solidariedade) ao cargo majoritário nas Eleições 2012, o nosso entrevistado no GENTE NOSSA do Portal da Cidade de Asas é Gustavo Martins Piccolo, que gerou inúmeros comentários em nosso mural e após solicitações o GPX ONLINE traz uma entrevista exclusiva, confira: 

Filho de Hamilton Piccolo e Dulcelina Martins Piccolo nasceu em Araraquara e lá morou até os quatro anos. Gustavo salienta que sobre este período não lembra absolutamente nada, mudou para Itápolis, cidade que ficou até completar 8 anos. “Também me recordo muito pouco desta etapa, a não ser por breves retratos iconográficos. Sei que vinha sempre para Gavião aos finais de semana na casa de meus avós, mas as imagens são longínquas e de difícil recuperação mnemônica” comenta Piccolo. 

GPX ONLINE: A partir daí você pode traçar como foi sua infância até os dias de hoje? 
Gustavo: Minha biografia, partindo do pressuposto que a vida começa onde efetivamente lembramos de nossos atos, inicia a ser desenhada na cidade de Nova Europa. Dos 8 aos 18 anos aquela foi minha morada de segunda a sexta. Aos sábados e, fundamentalmente, aos domingos estava sempre em Gavião. Meu avô (Paulo Piccolo), ainda vivo à época, possuía um mercado na cidade, hoje casa de rações. Mas, no fundo o que mais gostava era de estar junto com a família de minha mãe. Meus avós maternos já haviam falecido, contudo, existia uma verdadeira penca de primos (são tantos que é difícil enumerar) com os quais jogava bola na rua em que até hoje mora minha tia Odila e Edmundo e, em algumas vezes, no campo municipal. 
Dessa época eu me lembro bem, do dedão estropiado todo domingo, da canela roxa e joelho ralado. Da bola na casa da Dona Vani, etc. Na minha adolescência descubro minha maior paixão, o basquete, prática esportiva que me encanta até os diais atuais e responsável por alguns dos melhores amigos que cultivo em minha vida. 
Como toda boa adolescência é desta época que acabo por formar meus principais gostos e costumes. Sou tranquilo, gosto de filmes, mulheres, esportes e literatura, não muito diferente do que a imensa maioria dos garotos. Nada muito especial. Do que não gosto.... Detesto ver o Palmeiras perder, embora esteja virando uma desagradável rotina (o time ruim), e também de perder. Sou competitivo ao extremo. Esses costumes, formados há mais de uma década, são mantidos intactos. Nada a retirar. 
Passemos agora para a idade adulta, já vivida nesta cidade. Mudei para Gavião com 18 anos, mas foi uma mudança um tanto quanto simbólica. Já havia entrado na UFSCar para cursar Educação Física, sendo assim, me dividi de segunda a sábado em São Carlos e aos domingos em Gavião, dia em que visitava meus pais, tios e ia a igreja, prática que guardo até os dias atuais. Quem quiser me achar é muito fácil, estou todo domingo das 19h30min as 21h00min na missa, agora comandada pelo padre Ériko. Voltando a formação acadêmica. Concluo a licenciatura em Educação Física em 2005, o bacharelado em 2006. 
Os dois últimos anos de curso representam uma mudança brusca em minha vida. Do esportista e ex-jogador de basquete nasce o apaixonado pelas leituras. Em 2006 adentro na rede estadual de ensino, cidade de Araraquara, para ministrar Educação Física e também no mestrado em Sociologia da Educação (a preocupação com a Educação Física havia ficado para trás, agora estudava Política, Antropologia, Filosofia e Sociologia), intensificando ainda mais os estudos. Defendo minha dissertação sobre preconceito em 2008, ano em que deixo as fronteiras do país para me tornar durante um período de 4 meses pesquisador visitante na Universidade Autônoma de Barcelona (Espanha) e na Universidade de Coimbra (Portugal). Concomitante a essa época, começo a produzir artigos para importantes periódicos, além de ministrar palestras, aulas presenciais e a distância em universidades das mais distintas regiões, do norte ao sul. Das públicas (como a UFSCar) às particulares. 
Em 2009 inicio meus estudos de doutorado também na UFSCar, agora investigando a Sociologia da Educação Especial, temática nova e de base londrina. Atualmente me encontro no estágio final do doutorado. Hoje, além de professor efetivo da rede estadual em Araraquara e substituto na Conselheiro Gavião Peixoto, sou parecerista das revistas acadêmicas Motriz; Revista Brasileira de Educação Física; Psicologia e Sociedade; Educação e Sociedade e Revista Educação Especial. Possuo 2 livros, 21 artigos científicos, escritos em português, inglês, espanhol, francês e catalão, e ainda duas cartas de aceitação de estudos pós-doutorais, uma na Oxford University e outra na Univesity of London (ambas na Inglaterra). Creio que seja isso. 

GPX ONLINE: Como recebeu a sugestão do seu nome ao cargo de prefeito? 
Gustavo:Com surpresa, mas intensa alegria pela confiança depositada e sabedor dos desafios que se avizinham em tal contenda. A escolha foi tomada no seio do quadro do partido - PHS (Partido Humanista da Solidariedade) e representa uma vontade coletiva. Sei que o caminho é tortuoso e repleto de desafios, entretanto, não tememos galgar suas escarpas abruptas. Preparei-me intensamente para tanto e sei que posso exercer a função com a máxima dignidade e, mais do que isso, colocando o bem do coletivo, acima de qualquer interesse. 

GPX ONLINE: Em que área Gavião Peixoto está mais carente de mudanças? 
Gustavo:Como município recém-emancipado e ainda em sua adolescência, Gavião Peixoto apresenta várias carências. Listá-las aqui seria um exercício demasiado extenso. Seria mais coerente e adequado, configurar a apresentação de alguns pontos específicos. Primeiramente, precisamos de vida social intensa, mais cultura, lazer, diversão e convivência em comunidade. É inadmissível que os jovens da cidade, caso queiram sair à noite (e a maioria quer, sou jovem e sei disso), tenham de se deslocar sempre para outras localidades, apenas para citar o exemplo mais gritante. Segundo, precisamos de um serviço público de excelência e isto não se consegue sem que os funcionários, principalmente os concursados, sejam de fato valorizados em termos materiais e subjetivos, econômico e cultural, ainda que tais se relacionem em tons dialéticos. Terceiro, e o mais importante, se faz urgente colocar o coletivo a frente de todos os interesses. É preciso enriquecer o povo, com cultura, trabalho, educação, arte e serviços públicos de excelência, além do fortalecimento político local. Um governo do povo, pelo povo e para o povo, equação jamais resolvida ao longo da história de Gavião Peixoto, cansada de ser utilizada por objetivos interesseiros e egoístas e, portanto, carente da necessidade de um novo tempo real, democrático e sensível em cada lar deste município. 

GPX ONLINE: De que forma essas carências apontadas podem ser resolvidas? 
Gustavo: A pergunta é extremamente complexa e a resposta, por incrível que pareça, simples. Seriedade, responsabilidade, desprendimento pessoal, ética e respeito ao povo, do cidadão mais simples, ao mais abastado. Pensar no coletivo antes de tudo e, jamais, se comprometer a ganhar uma eleição a qualquer custo, pelo dinheiro, poder ou promessas vazias que lesam o povo posteriormente. Pode parecer demasiado pueril, mas, Gavião jamais teve um candidato eleito que, de fato e direito, tomou estas questões como norteadoras do ser político em essência, para nos valermos de um termo do genial Florestan Fernandes, importante sociólogo e político brasileiro. 

GPX ONLINE: Algum assunto que você gostaria da abordar como prioritário em sua possível campanha? 
Gustavo: Claro. Respondo esta pergunta com outra pergunta. Qual a maior riqueza de nossa cidade? Muitos dirão as obras monumentais, a cana, a laranja, a nossa natureza como aponta nosso brasão. Respondo de forma diferente: Nossa maior riqueza são as pessoas que aqui habitam. Os pequeninos que anseiam um futuro melhor. Seus pais que trabalham o dia todo e precisam de uma cidade mais vibrante, menos egoísta e, acima de tudo, que pense neles, com possibilidades efetivas de emprego que transcendam estabelecidos hodiernamente. Os jovens que imploram por vida social, parcela esquecida e lembrada apenas em anos eleitoreiros. Os funcionários, que precisam ser valorizados e incentivados. Não se trata de aumentar o número ou prometer novas contratações. Isso não o faremos, seria indigno de quem proclama mudança e equidade! Queremos cuidar bem dos que lá se encontram e oferecer todas as condições para o desenvolvimento do melhor trabalho possível, pois afinal de contas, o verdadeiro patrão é a população. Queremos e podemos ter uma cidade mais humana e solidária. 


GPX ONLINE: Deixe uma mensagem aos nossos internautas? 
Gustavo: Caros colegas, não temos dinheiro, tampouco padrinhos políticos tradicionais. Não compraremos votos, nem vantagens pessoais e nem negociamos o futuro de nossa cidade. Para muitos, isso pode ser um empecilho, para nós, é marca incondicional de liberdade. Sinal de nossa diferença e compromisso com o povo e o seu bem-estar. Queremos ser ouvidos pelas ideias e a proposta de uma nova postura política, inclusiva, com justiça social e zelo pelo erário público, fonte de todas conquistas. Aos que desejarem moralidade política e administrativa, transformação com responsabilidade, ética e dedicação, estaremos de braços e coração abertos, para juntos, construirmos pelas urnas, uma Gavião de cara nova! 

Bate-Bola 
Data de Nascimento: 08 de Julho 
Amigo: Meu pai 
Banda: U2 
Cantor: Chico Buarque 
Música: MPB 
Defeito: Extremamente competitivista 
Esporte: Basquete 
Time: Palmeiras 
Filme: Gladiador 
Herói: Che Guevara 
Nunca: entender a desigualdade e miséria como natural 
Odeio: o preconceito e a arrogância dos que estão no poder 
Loucura: ah, isso eu não posso contar 
Qualidade: Dedicado, íntegro 
Signo: câncer 
Último desejo: que a fome seja finalmente extirpada da humanidade. 
Um Lugar: Vou citar três: Barcelona (beleza histórica); Monte Roraima (beleza natural) e Gavião Peixoto (recôndito de minha paz espiritual). Todos marcantes em minha vida. 
Homem Bonito: Meu pai (se falar outro a galera vai pegar no meu pé) 
Mulher Bonita: Ellen Roche 
Homem Inteligente: Leonardo Da Vinci 
Mulher Inteligente: Minha mãe (é curioso falar, mas com seu pouco estudo resolve todas as questões de casa. Qualquer problema lá está ela. É uma inteligência prática de fino trato e que me encanta) 
Frase de Vida: Me permita citar três, pois são complementares, todas do herói supracitado: “Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera inteira”; “Os grandes só parecem grandes porque estamos ajoelhados”; “Sonha e serás livre de espírito... luta e serás livre na vida” 
Uma mensagem para o futuro: Gavião está na hora de mudança. Não basta ser alado e permanecer preso em uma inescapável gaiola. Levantemos. Aqueles que estão no poder não deterão a próxima primavera. Lutem conosco. 

O que você acha do GPX ONLINE? um meio cardeal ao esclarecimento das questões que envolvem a cidade como um todo, políticas, culturais e econômicas. Espaço democrático e fundamental para a consolidação de um processo societal efetivamente emancipatório. 

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As informações que estão publicadas nesta página, são de total responsabilidade do entrevistado e não representam necessariamente a opinião do site. 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

http://www.causaindigena.org/


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Velho problema, novos desafios: Redução da pobreza inaugura segunda fase do combate ao trabalho infantil


O Brasil cresce e tira famílias da pobreza, mas o trabalho de crianças e adolescentes persiste como marca da nossa sociedade. Agora, ele avança para as classes médias e atividades urbanas

Por Maria Denise Galvani, da Repórter Brasil

Em dez anos, o Brasil tirou quase 530 mil crianças e adolescentes de situações de trabalho e os devolveu às suas atividades de direito: estudar, brincar e se desenvolver. Outros 3,4 milhões de crianças e adolescentes de 10 a 17 anos ainda trabalham no país, segundo a última análise do IBGE, baseada no Censo de 2010.
Em estimativa mais abrangente da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, no ano de 2011, são 3,6 milhões de crianças de 5 a 17 anos trabalhando – ou 8,6% da população nessa faixa de idade.*
Principal região de aplicação das políticas de combate à pobreza, o Nordeste apresentou os melhores índices de redução do trabalho infantil entre 2000 e 2012. Foto: Leonardo Sakamoto
A modesta redução de 13,4% no número de crianças e adolescentes trabalhando apontada pelo Censo entre 2000 e 2010 poderia ser um alento, não fossem alguns poréns. Justamente na faixa mais vulnerável dessa população – as crianças de 10 a 13 anos, para quem qualquer tipo de trabalho é proibido –, a ocorrência do problema chegou a aumentar 1,5% (são 710 mil crianças nessa idade, quase 11 mil a mais que em 2000).
No levantamento da PNAD, em todo o Brasil havia 89 mil crianças de 5 a 9 anos e 615 mil de 10 a 13 anos trabalhando na semana da pesquisa – mais de 700 mil crianças no total, o que equivale a pouco menos que a população da cidade de João Pessoa.
A mão de obra de quase 2,7 milhões de jovens entre 14 e 17 anos, apesar de menos freqüente que há dez anos (os adolescentes que trabalhavam eram então 3,2 milhões), é empregada de maneira irregular e em atividades perigosas. Segundo a legislação brasileira, jovens de 14 e 15 anos só podem trabalhar na condição de aprendizes; os de 16 e 17 anos, em atividades que não sejam perigosas ou degradantes, protegidos por uma série de condições.

Novo perfil do trabalho infantil

Se comparada a condição atual à do início dos anos 90, quando a Organização Internacional do Trabalho (OIT) começou a monitorar a questão no Brasil, o trabalho infantil hoje é mais urbano e menos rural e atinge, na média, crianças mais velhas que há 20 anos. Essas crianças enfrentam, em sua maioria, uma dupla jornada de escola e trabalho com a própria família, que nem sempre está em situação de pobreza.
“Se anteriormente a pobreza era um dos determinantes do trabalho infantil, hoje esta relação está menos clara”, analisa Renato Mendes, coordenador do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil da OIT no Brasil. “Quase 40% das crianças e jovens que trabalham não estão em famílias que vivem abaixo da linha de pobreza.”
O trabalho infantil e juvenil migrou para áreas urbanas, especialmente na informalidade, em atividades degradantes. Foto: Leonardo Sakamoto
Isso denota, na opinião de Renato, uma mudança de motivação, principalmente por parte dos adolescentes. “Antes o jovem trabalhava para complementar a renda básica da família, hoje trabalha para ter acesso aos bens resultantes do desenvolvimento, como um celular ou uma roupa de marcar. Muitas vezes o trabalho infantil e juvenil está mais ligado à necessidade de inclusão social e menos à sobrevivência”, afirma.
A posse de bens de consumo e o trabalho precoce vistos como forma de inclusão social evidenciam que falta oferta de atividades socioculturais para crianças e jovens. Parte desse vazio poderia ser preenchido com acesso a escola de qualidade e à convivência com outras crianças em espaços de cultura, lazer e esporte – modelo que se convencionou chamar de “educação em tempo integral”.
“Existe uma visão equivocada de que crianças e adolescentes têm que trabalhar. Uma frase que ouvimos muito é: ‘Melhor a criança trabalhar do que roubar’, como se não houvesse uma terceira opção”, diz o promotor Carlos Martheo Guanaes, membro auxiliar do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), organizador do último seminário no Judiciário para debater o tema, em agosto deste ano. A abordagem da educação em tempo integral nas futuras políticas públicas para as famílias seriam a principal aposta para processar essa mudança cultural.
“Houve no Brasil, nos últimos cinco ou seis anos, uma perda de foco no combate ao trabalho infantil. Até pouco tempo se acreditava que o problema todo era reduzir a pobreza, que a transferência de renda bastaria”, avalia Isa Maria de Oliveira, secretária-executiva do Fundo Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI). Hoje se sabe, segundo ela, que o problema é mais complexo que a pobreza material.
Embora reconheçam que a melhoria da renda dos brasileiros, em grande parte como consequência da ampliação do programa Bolsa Família, tenha impactado positivamente na redução do trabalho infantil, a estratégia dada hoje como mais efetiva envolve o tripé transferência de renda, escola de qualidade e oferta de políticas educacionais, culturais e esportivas para crianças e adolescentes.
“É preciso empoderar as famílias para que elas cumpram suas obrigações com as crianças. Os programas de transferência de renda são um marco positivo da última década, expressivo num primeiro momento. Mas é preciso também oferecer a educação integral, para convencer os pais de que as crianças estarão em segurança, em atividades adequadas para sua idade, enquanto eles trabalham”, resume Isa Maria.

Realidades regionais

Estudo dos microdados dos censos do IBGE de 2000 e de 2010 feito pela OIT permitiu identificar em quais regiões do país a atual política de redução do trabalho infantil surtiu mais efeito.
A única região onde todos os Estados registraram redução do número de crianças de 10 a 13 anos trabalhando foi o Nordeste – queda de 14,96% nessa faixa de idade, e de 23,28% entre crianças e adolescentes de 10 a 17 anos.

“O desempenho do Nordeste mostrou a eficácia da política pública de transferência de renda, já que é a região onde ela foi melhor implementada. Isso explica também porque, hoje, não há crianças trabalhando na maioria das famílias pobres do Brasil”, afirma Renato, da OIT. Ainda assim, a região concentra cerca de 30% das crianças e adolescentes que trabalham no Brasil, grande parte deles na agricultura familiar ou em serviços domésticos. “O Nordeste era a região onde o problema era mais crítico, daí também a relevância dos resultados positivos”, completa Isa Maria.
Em todas as outras regiões do Brasil, o número de crianças entre 10 e 13 anos trabalhando aumentou. Nos Estados do Norte e do Centro-Oeste, esse aumento é de mais de 25%.
Com exceção de Rondônia, todos os Estados da região Norte viram o número de crianças e adolescentes que trabalham aumentar entre 2000 e 2010. “O Norte é uma região em que ainda há dificuldade de acesso dos instrumentos da política pública federal, com municípios longínquos, escolas mais distantes dos domicílios, períodos de chuva, transporte difícil. Nessa região, a política pública precisa de uma contextualização melhor”, analisa Renato. Predominam nesta região, segundo ele, o trabalho de crianças no extrativismo, agricultura e no trabalho doméstico.
Nas regiões Centro-Oeste e Sul, onde a agroindústria se desenvolve,o que preocupa é principalmente o emprego de adolescentes nas fazendas em atividades perigosas, listadas entre as piores formas de trabalho infantil reconhecidas pelo Brasil em 2008 – como a operação de máquinas e veículos agrícolas, manuseio de defensivos químicos ou a extração e colheita de culturas que desprendem resíduos nocivos à saúde.
“A taxa de ocupação de adolescentes no Centro-Oeste e no Sul é altíssima, e caiu pouco em comparação com outras regiões do país”, avalia Renato. Isa Maria concorda: o trabalho infantil na agricultura familiar, típico da cultura dos imigrantes, persiste e migrou para o agronegócio. “O trabalho desprotegido desses jovens cria um desenvolvimento irresponsável na região”, diz ela.
Na região Sudeste, de maior concentração urbana, e nas regiões metropolitanas do país, crianças e adolescentes trabalham principalmente no setor de comércio e serviços informais – como ambulantes, no trabalho doméstico, no setor de transportes, confecção, manutenção e outras atividades terceirizadas. Daí a importância, alertam os especialistas, de as empresas conhecerem sua cadeia produtiva e não pactuarem com a violação dos direitos expressos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
“Na década de 90, as regiões Sul e Sudeste foram as que registraram melhor desempenho no combate ao trabalho infantil, mas na década seguinte foram as que menos municipalizaram os instrumentos da política pública federal. Por isso, o índice voltou a crescer em algumas faixas de idade ou não diminuiu tanto quanto o esperado”, diz Renato. De acordo com ele, o retrocesso da questão no Sudeste – onde aumentou mais de 15%, entre 2000 e 2010, o número de crianças de 10 a 13 anos que trabalham – deve-se à omissão dos governos locais em implementar os programas federais direcionados, como o Bolsa Família e Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), ou em elaborar uma política regional para substituí-los.
Na avaliação de Renato, Isa Maria e do promotor Carlos Martheo, o Brasil se encontra num momento decisivo para repensar as políticas de combate ao trabalho infantil e atacar o problema em toda a sua complexidade.
Campanha lançada pela OIT Brasil e pelo FNPETI no último dia 12 de junho, Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, busca convencer famílias e empresários de que explorar ou conviver com o trabalho infantil é uma violação dos direitos humanos. “Não é possível que, em plena fase de desenvolvimento, com o Brasil entre as oito maiores economias do mundo, o problema persista. É uma situação epidêmica, que demanda ação imediata”, conclui Renato.

* Enquanto a PNAD é uma pesquisa feita anualmente por amostragem (em domicílios de 1.100 municípios brasileiros, no ano de 2011), o Censo tenta se aproximar do universo total de famílias entrevistando um número consideravelmente maior de pessoas, em todas as cidades brasileiras.
Apesar de o Censo não considerar o trabalho de crianças menores de 10 anos,de  fora da População Economicamente Ativa (PEA), é um instrumento importante de análise das políticas sociais por retratar o quadro do mercado de trabalho brasileiro com mais precisão.
Sempre que não for mencionada a PNAD no texto, os dados se referem ao Censo.

 

Presidente golpista pode sofrer impeachment no Paraguai

Senadores paraguaios estudam a possibilidade de abrir um processo de impeachment e de iniciar ações penais contra o presidente Federico Franco pelas irregularidades em sua declaração de bens e pelo aumento de 700% de sua fortuna pessoal em apenas quatro anos. Franco assumiu a presidência depois de um golpe constitucional contra Fernando Lugo, que foi destituído após um julgamento político de apenas 24 horas. O jornal Ultima Hora denunciou que seu patrimônio aumentou de 150 mil dólares, em 2008, para mais de um milhão de dólares, em 2012.

Buenos Aires - Senadores paraguaios estudam a possibilidade de abrir um processo de impeachment e de iniciar ações penais contra o presidente Franco pelas irregularidades em sua declaração de bens e pelo aumento de 700% de sua fortuna pessoal em apenas quatro anos. Franco assumiu a presidência depois de um golpe constitucional contra Fernando Lugo, que foi destituído após um julgamento político que durou apenas 24 horas.

Franco justificou ontem o aumento de seu patrimônio nos últimos quatro anos, desde que chegou à vice-presidência, em 2008. O jornal Ultima Hora denunciou que seu patrimônio aumentou de 150 mil dólares, que declarou em 2008, para um pouco mais de um milhão de dólares, em 2012.

“Houve um grave erro desde o ponto de vista da avaliação de meu imóvel”, disse Franco em uma coletiva de imprensa. O mandatário disse que pediu uma nova auditoria à Controladoria da Nação, o órgão encarregado dessa tarefa.

O pronunciamento dos legisladores, que ainda não foi apresentado ante o Parlamento, ocorreu logo depois da declaração de Franco à Controladoria, em agosto passado, se converter em uma verdadeira tormenta política.

O senador do Partido País Solidário, Carlos Fillizola, considerou que a descoberta do aumento do patrimônio pessoal de Franco “somada às acusações anteriores de nepotismo existentes contra ele, justificam que ele seja submetido a um julgamento político”.

Por sua parte, o senador Hugo Estigarribia, do Partido Colorado, avaliou que a Procuradoria deve investigar Franco, porque suas justificações sobre o tema “não o eximem da correspondente responsabilidade penal pelo ocorrido e ele pode ser acusado de ter prestado falsa declaração”.

Paralelamente, o Procurador Anticorrupção, Carlos Arregui, disse que, apesar da tentativa de Franco de “arrumar” sua declaração de bens, a Controladoria pode determinar que isso não é compatível com os fatos e, neste caso, o Ministério Público abrirá uma investigação penal.

Tradução: Katarina Peixoto

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domingo, 14 de outubro de 2012


O rastro sujo da energia limpa



Todas as supostas vantagens da energia eólica e da energia solar já foram apresentadas à exaustão. Agora é hora de lembrar os problemas delas
Nos últimos 10 anos, países do mundo todo investiram pesado em programas de energia renovável. Afinal, sol e vento são grátis, não é mesmo? O que ambientalistas nem sempre veem é que convertê-los em energia tem um custo alto - em dinheiro e recursos naturais.
Pegue como exemplo a energia eólica. Uma turbina precisa de 50 toneladas de estanho para produzir 1 megawatt de energia. Já com gás natural, uma turbina produz essa mesma energia com apenas 0,3 tonelada de estanho. O vento pode sair de graça, mas precisamos de minérios para erguer a infraestrutura que permitirá gerar energia.
Os minérios não são o único recurso natural exigido pelas energias renováveis. Também temos de encontrar muita terra disponível. Os números mostram por quê: em cada metro quadrado de terreno, é possível gerar 1 watt com energia eólica, 20 vezes menos do que qualquer usina de gás natural. A energia solar precisa de áreas menores. É possível produzi-la no seu próprio telhado, como eu faço: gero 3,2 quilowatts com painéis solares sobre minha casa, o que dá cerca de 30% da eletricidade que eu, minha esposa e nossos 3 filhos consumimos. O custo de instalação dos painéis tem baixado cada vez mais, e hoje está em US$ 5 mil por quilowatt. Mas é um custo similar ao da energia nuclear - que tem a vantagem de funcionar também à noite.
A prática mostra quão dispendiosas podem ser as energias renováveis. O estado americano da Califórnia pretende obter um terço da sua energia (cerca de 17 mil megawatts) de fontes limpas em 2020. Se essa meta for dividida meio a meio entre sol e vento, será necessário ocupar uma área 5 vezes maior do que Manhattan para os painéis solares e outra 70 vezes maior do que a ilha para as turbinas eólicas.
Não que devamos parar de investir em energias renováveis. Mas precisamos ser claros quanto ao retorno que podemos ter com elas. O Brasil é um exemplo: tido como representante da importância do etanol, produz quase 28 bilhões de litros de álcool por ano. É pouco perto do que o país precisa. Petróleo e gás natural geram 9 vezes mais energia, segundo números da Petrobras. Sem contar o dinheiro que é preciso investir para alavancar as energias renováveis. Alguns países já perceberam que talvez seja um investimento alto demais. Nos EUA, o Senado cortou US$ 6 bilhões de subsídios para o etanol de milho. A Espanha reduziu o apoio financeiro à energia solar e eólica.
A solução correta para a questão energética depende das características de cada país.
A energia solar pode ser uma boa alternativa para a Arábia Saudita. A hidrelétrica para o Brasil e para a África Central. Se queremos reduzir as emissões de carbono, devemos olhar para dados e fatos. E não excluir opções como a energia nuclear, que segue como uma das nossas melhores opções, apesar do acidente de Fukushima, no Japão, no início deste ano.
Robert Bryce é pesquisador associado do Centro de Polícia Energética e Ambiental do Manhattan Institute e autor do livro “Power Hungry: The Myths of "Green" Energy and the Real Fuels of the Future”.
No Redecastorphoto

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Alunos do Bolsa Família se destacam na avaliação do Ideb

05/10/2012 08:45
Algumas escolas com notas mais altas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica têm maioria dos estudantes beneficiários do programa. Hoje, 18,3 mi de crianças e adolescentes recebem benefício e estão em 160 mil unidades de ensino de todo país
Ascom/MDS
Tabela - Escolas com maioria de alunos no Bolsa Família. Clique na Imagem para Ampliar
Tabela - Escolas com maioria de alunos no Bolsa Família
Brasília, 5 – Alunos beneficiários do Programa Bolsa Família estão entre os melhores do país. Algumas das escolas com as notas mais altas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) têm a maioria dos estudantes beneficiários do programa de transferência de renda coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).

Atualmente, são 18,3 milhões de estudantes beneficiários espalhados em 160 mil escolas em todo o país. Dessas, 17.572 têm mais matrículas de alunos do Bolsa Família (superior a 50%) que não participantes do programa, totalizando 4,5 milhões de estudantes.

Na pequena Pedra Branca, a 300 quilômetros de Fortaleza (CE), duas escolas empataram com o melhor índice no estado (8,1) e o sexto do país. Ambas estão na zona rural do município e têm mais de 90% dos alunos beneficiários do Bolsa Família, quase todos filhos de agricultores familiares. Embora as mais bem colocadas no ranking tenham alunos do programa, estas são as primeiras em que eles representam a maioria.

O Ceará tem 2.332 escolas com mais de 50% de alunos beneficiários do Bolsa Família, que totalizam 654,8 mil estudantes. Em Pedra Branca, são 28 instituições nessa situação.

LEIA TAMBÉM: Em colégio no Maranhão, meninada conhece programa de transferência de renda

Empenho – Localizada a 8 quilômetros da sede do município, na zona rural, a Escola Cícero Barbosa Maciel tinha como meta para 2011 índice de 7,9 – e obteve 8,1. “O resultado reflete o empenho da comunidade escolar, dos pais e professores”, diz a diretora Maria Ducilene Pereira da Silva. Desde 2011, assinala, os alunos têm jornada ampliada, com reforço escolar. Este ano, a escola aderiu ao Mais Educação.

Maria Ducilene diz que a evasão e repetência eram altas. “Por isso, trouxemos a família para dentro da escola”. Em 2006, os índices chegavam a 40% e hoje estão em torno de zero. Ela acredita que dois motivos contribuem para o resultado no Ideb: os professores têm um dia na jornada para planejar as aulas e as turmas não são numerosas – média de 24 alunos.
A agricultora Maria Adriana de Souza Pereira tem um filho na escola. Beneficiária do Bolsa Família há nove anos, Maria Adriana diz que o colégio “puxa a orelha” se o aluno faltar a aula e, por isso, ela acompanha o desenvolvimento escolar de seu filho. “Prezo muito por ele, já que não estudei.”

Outro exemplo na cidade é a Escola Municipal Sebastião Francisco Duarte, considerada polo – composta a partir da união de salas dispersas pela zona rural, no Distrito de Santa Antonina. Isto porque, há oito anos, a prefeitura tinha 120 escolas, muitas em situação precária, e uniu algumas em núcleos. Hoje, a rede tem 60 instituições de ensino.

A coordenadora pedagógica da escola, Maria Nelziram Duarte Gonçalves, atribuiu à confiança dos pais e à competência dos professores o bom desempenho na avaliação nacional. Segundo ela, há reforço escolar no contraturno. Quando os alunos faltam, acrescenta, a escola faz visita domiciliar para saber o que está ocorrendo. Na avaliação anterior, a escola obteve índice 7,6. A meta para 2011 era de 7,8.

Saiba mais 
Ideb é calculado a cada dois anos
O Ideb foi criado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em 2007, em uma escala de 0 a 10. O indicador é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e das médias de desempenho nas avaliações do Inep sobre os conhecimentos de língua portuguesa e matemática. O índice é calculado a cada dois anos. A média nacional de 2011 para o Ensino Fundamental I (séries iniciais) foi de 4,7 para as escolas públicas

Neila Baldi
Ascom/MDS
(61) 3433-1021

www.mds.gov.br/saladeimprensa