terça-feira, 27 de setembro de 2011

Jerusalém dividida.

 
Internacional| 27/09/2011 | Copyleft

"Jerusalém já está dividida como se fosse uma capital de dois estados"

Em entrevista à Carta Maior, o vice-prefeito de Jerusalém, José Alalu, membro do partido israelense de esquerda Meretz, fala sobre a problemática que Jerusalém representa para os acordos de paz na região. Para ele, a solução já está desenhada na prática: “a cultura árabe é muito diferente da israelense e cada um quer conservar sua cultura. De algum modo, Jerusalém já está dividida como se fosse uma capital de dois Estados”.

José Alalu, vice-prefeito de Jerusalém, membro do partido de esquerda Meretz, evoca nesta entrevista à Carta Maior a problemática que Jerusalém representa para os acordos de paz, a divisão da cidade e a forma pela qual, segundo ele, a solução já está quase configurada.

A situação de subdesenvolvimento de Jerusalém Oriental é impactante. Parece uma cidade abandonada.

Não é um problema fácil. A parte árabe de Jerusalém não tem sido tratada há 60 anos e ficou completamente para trás. Reabilitá-la equivaleria a colocar todo o orçamento aí e não deixar nada para a outra parte. Em termos de infraestrutura viária, água e eletricidade são necessários milhões para colocar a parte árabe no mesmo nível da parte judia. O mesmo ocorre com as escolas. Na parte árabe, faltam mil salas de aula ao ano e a prefeitura só consegue financiar 80. Faltam parques, indústrias, que não há nenhuma, aliás. As diferenças de desenvolvimento entre a parte judia e a parte árabe são evidentes, mas não é um problema de má fé, absolutamente. O problema é que economicamente não podemos.

Jerusalém não é uma capital rica, é uma capital pobre. O governo tem que ajudar. Por isso tenho medo que algum dia isso exploda. Espero que não cheguemos a isso. O prefeito de Jerusalém acredita em uma capital unificada, mas, para isso, é preciso investir na parte árabe. Ele quer melhorar as estradas, os colégios, mas os palestinos querem a independência.

Mas há leis que impedem que um palestino rico de Ramallah invista em Jerusalém.

É verdade. Não deixam que eles comprem terras ou terrenos. Jerusalém está dividida e o problema é que a parte judia domina as duas partes, estabelece as leis para os dois setores.

Jerusalém é um tema de disputa importante entre israelenses e palestinos. Como reunir em uma mesma mesa dois antagonistas que pretendem a mesma terra para o mesmo fim, ou seja, ser a capital do Estado?

Tudo tem solução. Já foi comprovado que vamos ter que devolver quase 100% dos territórios. Isso foi feito com o Egito, com o Líbano, com a Jordânia e será feito com os palestinos. No que diz respeito ao pleito legítimo sobre a segurança de Israel, também deverá ser encontrada uma solução. E com Jerusalém ocorrerá o mesmo. Não é um problema religioso, é um problema nacional entre palestinos e israelenses. A Cidade Velha está divida em quatro setores: a parte muçulmana, que será para os palestinos, a parte cristã também será para eles, a parte judia ficará em mãos de Israel e a parte armênia, bem, sobre ela será preciso chegar a um acordo.

Quanto à parte sagrada, cabe observar que a maioria das pessoas aqui não é religiosa. Israel é um país laico e democrático. A Palestina também. Entre os árabes, os palestinos são os mais laicos de todos. Então, creio que as mesquitas ficarão sob responsabilidade dos palestinos e o Muro das Lamentações sob o controle de Israel. Pode-se fazer algo combinado entre israelenses e palestinos e isso pode envolver outros países como Estados Unidos e Egito que podem ficar encarregados de controlar a ordem e a disciplina nestas áreas. Tudo pode ser acertado. Todos sabem qual é a solução, mas não se atrevem a chegar a ela.

No entanto, a guerra da ocupação de áreas em Jerusalém existe e as políticas discriminatórias com os palestinos também.

Essas são as enfermidades herdadas da ocupação. Por isso acredito que o tempo não está jogando a favor, nem de Israel, nem dos palestinos. Há muito mito em torno de Jerusalém. A cultura árabe é muito diferente da israelense e cada um quer conservar sua cultura. De algum modo, Jerusalém já está dividida como se fosse uma capital de dois Estados. Isso é o que costumo dizer. Reconheço que há lugares que são problemáticos, mas o problema maior é seguir assim.

Tradução: Katarina Peixoto


Fotos: Eduardo Febbro
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27/09/2011
"Jerusalém já está dividida como se fosse uma capital de dois estados" : Em entrevista à Carta Maior, o vice-prefeito de Jerusalém, José Alalu, membro do partido israelense de esquerda Meretz, fala sobre a problemática que Jerusalém representa para os acordos de paz na região. Para ele, a solução já está desenhada na prática: “a cultura árabe é muito diferente da israelense e cada um quer conservar sua cultura. De algum modo, Jerusalém já está dividida como se fosse uma capital de dois Estados”.

26/09/2011
A Grécia no centro da tormenta : No período entre julho e agosto de 2011, as bolsas de valores foram novamente abaladas em nível internacional. A crise aprofundou-se na União Europeia, em particular no tema das dívidas. O Comitê para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo (CADTM) entrevistou Eric Toussaint a fim de decodificar os diferentes aspectos desta nova fase da crise. Para ele, os bancos privados têm grande responsabilidade no endividamento excessivo da Grécia. Agora, a Grécia precisa prometer ao mercado uma taxa de juro de 15% para poder pedir novos empréstimos.

Declínio e queda da turma toda : A ansiedade e a perplexidade dos EUA atingiram um novo patamar quando a última projeção do FMI indicou que, ao menos em alguns aspectos, a economia chinesa ultrapassaria a dos EUA em 2016. Até recentemente, o Goldman Sachs apontava para 2050 como o ano em que ocorreria essa troca do primeiro lugar. Dentro dos próximos 30 anos, segundo o Goldman Sachs, provavelmente os cinco primeiros serão China, EUA, Índia, Brasil e México. A Europa Ocidental? Bye-bye! O artigo é de Pepe Escobar.
A filosofia por trás do movimento 'Ocupar Wall Street' : Os que clamam por austeridade são agentes financistas, para os quais é pecado ver diminuir a própria riqueza; os que pedem estímulos são eticamente corretos, mas não fazem um ataque direto aos financistas. A única solução real para a crise é, como receitou Keynes, “a eutanásia do rentista”. É esse impulso para desafiar diretamente Wall Street que mostra o quanto é razoável e necessário o movimento Ocupar Wall Street. O artigo é de Vijay Prashad.
Palestinos e América Latina: coincidências, divergências, decências : As presidentes da primeira e da terceira economia da América Latina, e que são as duas maiores da América do Sul, Dilma Rousseff e Cristina Fernández de Kirchner, apoiaram de forma clara e contundente a Palestina. Seus estrategistas de relações exteriores se mobilizaram para conseguir a adesão unânime dos chanceleres sul-americanos a uma declaração conjunta dos países árabes e dos governos da América do Sul em defesa dos palestinos. Quase conseguiram: faltou um. O governo da Colômbia. O artigo é de Eric Nepomuceno.
A batalha político-imobiliária pelo controle de Jerusalém : Em 1947, logo após a divisão da Palestina, a ONU colocou Jerusalém sob mandato internacional. No ano seguinte, com a guerra da independência, Israel se apoderou do setor oeste da cidade, enquanto que o setor oriental passou para controle da Jordânia. Durante a Guerra dos Seis Dias (1967), Israel anexou Jerusalém Oriental. Hoje, à força de investimentos, compra de terras e restrições específicas aos palestinos, Jerusalém se move entre a modernidade de seu setor israelense e a pobreza da parte oriental. Jerusalém é o território de um combate imobiliário em cujo interior se movem as sombras da geopolítica. A reportagem é de Eduardo Febbro.
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Quilombolas: direitos garantidos.

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Publicada em 27/09/2011
 
Incra e UFT iniciam regularização de quilombolas no Tocantins
 
 
Imagem ilustrativa - Reprodução da internet
O Incra e a Universidade Federal do Tocantins (UFT) iniciam, nesta terça-feira (27), os trabalhos de elaboração do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) de seis comunidades quilombolas no Tocantins.

Técnicos das duas instituições vão se reunir, no Campus da Universidade em Tocantinópolis, região norte do estado, para definir os procedimentos e os prazos para elaboração conjunta dos relatórios das comunidades. Serão beneficiados os remanescentes de Quilombolas de: Cocalinho (Santa Fé do Araguaia), Dona Jucelina (Muricilândia), Pé do Morro (Aragominas), Santa Maria das Mangueiras (Dois Irmãos do Tocantins), São Joaquim e Lajinha (Porto Alegre do Tocantins).

A parceria entre as instituições é resultado de acordo de cooperação técnica, firmado em junho. A Universidade vai disponibilizar antropólogos, que juntamente com servidores do Incra, serão responsáveis pela elaboração dos relatórios técnicos de seis comunidades reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares.

Entenda a regulação
O RTID é o documento que determina a área do território de cada comunidade quilombola. É elaborado por equipe multidisciplinar composta por antropólogo, engenheiro agrônomo, fiscal de cadastro, topógrafo e outros profissionais, que realizam estudos com o objetivo de identificar a origem, as tradições, a história, os costumes e o território a ser titulado.

Após a conclusão, cada relatório é publicado no Diário Oficial da União para dar conhecimento e publicidade aos interessados. Os proprietários de imóveis rurais localizados na área delimitada pelo RTID são notificados e terão prazo para contestar o documento. Encerrada a fase de defesa e julgamento das contestações, será publicada portaria de reconhecimento do território quilombola, que permitirá a publicação posterior de decreto presidencial com autorização para desapropriação dos imóveis rurais localizados na área de abrangência de cada território. Concluídas as desapropriações dos imóveis rurais, o Incra realizará a titulação do território em nome de cada comunidade.
  

sábado, 24 de setembro de 2011

La Alhambra de Granada- Espanha cidade natal de meu querido avô : Francisco Garcia Sanches , muitas saudades. s

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Abbas aplaudido de pé na Assembléia Geral da Onu.

"Chegou a hora da Primavera Palestina", diz Abbas na ONU
23 de setembro de 2011 13h14 atualizado às 15h39

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O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, discursa ante o plenário da Assembleia-Geral da Onu. Foto: AP O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, discursa ante o plenário da Assembleia-Geral da Onu
Foto: AP
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, pediu nesta sexta-feira na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), o reconhecimento imediato do Estado palestino como membro pleno da entidade.

Abbas fez um discurso veemente, que foi interrompido em diversos momentos para ser aplaudido de pé pela grande maioria do plenário da Assembleia Geral da ONU. "Chegou a hora da 'Primavera Palestina'", disse Abbas, em referência aos movimentos populares conhecidos como "Primavera Árabe" - que derrubaram os governos da Tunísia, Egito e Líbia e levaram multidões às ruas em outras nações árabes.
"Chegou a hora de o mundo dizer se quer que a ocupação israelense continue", disse. "Chegou a hora do povo palestino ser livre e independente. Chegou a hora de o nosso corajoso povo viver como qualquer outro no mundo", acrescentou Abbas, que entregou momentos antes de seu discurso uma aplicação formal à ONU pessoalmente ao secretário-geral da entidade, Ban Ki-Moon.
"A capital será Al Quds Al Sherif", o nome em árabe de Jerusalém, disse Abbas. Ele pediu a "todos os membros do Conselho de Segurança para votar a seu favor", e que o futuro Estado palestino tenha as fronteiras anteriores a 4 de junho de 1967, o que inclui Cisjordânia, Jerusalém Oriental (onde vive quase meio milhão de colonos israelenses) e Faixa de Gaza.
Abbas afirmou que a decisão de pedir o reconhecimento do Estado palestino não é uma medida unilateral e não tem o objetivo de isolar Israel, mas é uma confirmação de fé no direito internacional, que não estaria sendo respeitado por Israel. "Um ano atrás, todos tinham grande esperança para uma nova rodada de negociações, (...) mas essas negociações falharam esmagadas pelo governo israelense", afirmou Abbas.
Ele disse que a ANP está disposta a retomar imediatamente as negociações. "Em nome de todos os palestinos, estou aqui para dizer que nós estendemos nossa mão para o povo israelense e para o governo israelense para negociação. Vamos construir a ponte para o diálogo, em vez de muros e isolamento", afirmou Abbas.
O presidente da ANP também afirmou que as forças ocupantes mantêm um rígido bloqueio à Gaza e condenou a falta de repressão à ação de milícias israelenses. "Nos últimos anos, aumentaram as atividades criminais de milícias de colonos israelenses em território palestino", disse. Segundo ele, os assentamentos são o maior desafio para a paz e devem ser interrompidos "imediatamente".

Abbas encerrou o seu discurso dizendo que "esse é o momento do renascimento da Palestina".
Terra
 

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

CARTA MAIOR : vítimas inocentes.

Ataques aéreos da CIA no Paquistão matam crianças Versão para impressão Enviar por E-mail
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Paquistão - Repressom e direitos humanos
Quinta, 22 Setembro 2011 22:19
220911_crianca_paquistao_foto_mat_30182Carta Maior - [Jessica Grant] Números de mortes civis mostram que mísseis de aviões não tripulados da CIA no Paquistão causam vítimas inocentes, crime não reconhecido pelo governo dos EUA. Segundo organização inglesa de jornalismo investigativo, crianças constituem pelo menos 44% dos civis mortos nos sete anos de ataques aéreos não tripulados executados pelos Estados Unidos em áreas tribais do Paquistão.

Crianças são pelo menos 44% dos civis mortos nos sete anos de ataques aéreos não tripulados da inteligência estadunidense, a CIA, nas áreas tribais do Paquistão. A informação, que soma os números de fatalidades levantados através de relatos confiáveis, foi publicada pelo The Bureau of Investigative Journalism (TBIJ), organização inglesa de jornalismo investigativo parceira da brasileira Pública. Destes relatos reunidos, 168 crianças estão entre os 385 civis mortos nos voos que vitimaram de 2.309 a 2.880 pessoas. Ataque a civis é caracterizado pelo Protocolo Adicional I, de 1977, da Convenção de Genebra, como crime de guerra.
Os números variam de acordo com o levantamento das diferentes instituições, mas todos demonstram que a guerra ao terror atinge inocentes. O instituto americano de políticas públicas e pesquisa The New American Foundation afirma, numa apuração feita pela mídia, que mais de 2.500 pessoas foram mortas, 80% militantes, o que resultaria em 500 fatalidades. Em 2009, porém, Daniel Byman, da organização Brookings Institution, calculou que, para cada militante, por volta de 10 civis foram atingidos.
Os aviões não tripulados, chamados em inglês de drone, são uma tecnologia inicialmente criada para evitar a morte de pilotos. Somente os Estados Unidos e Israel já o usaram em ataques. Cada vez mais comum na guerra contra o terror, o piloto controla o voo e os ataques via mísseis remotamente, numa base americana com um vídeo da aeronave. O Predator, um dos mais usados, é o mesmo que a OTAN enviou para a Líbia. "Qualquer coisa que desumaniza o processo, torna mais fácil puxar o gatilho", afirmou Tom Parker, diretor de política para antiterrorismo e direitos humanos da Anistia Internacional, em 2009 ao jornal The New York Times.
Inocentes atingidos
São casos como os vizinhos de militantes de grupos antiamericanos, como Taliban e Al-Qaeda, atingidos por mísseis que erraram o alvo, ou pessoas que estavam no mesmo ambiente. Em 30 de outubro de 2006, por exemplo, uma investida numa escola religiosa em Bajaur matou 69 crianças – a mais nova de 7 – entre 80 civis. O alvo era o diretor, provável militante.
De acordo com o jornal The Sunday Times, alegou-se que o local treinava homens-bomba e o governo paquistanês assumiu os mísseis. "Nós achamos que seria menos prejudicial se disséssemos que o fizemos ao invés dos Estados Unidos", teria dito um assessor do então presidente, Pervez Musharraf, à publicação. "Mas houve muitos danos colaterais e pedimos aos americanos que não façam isso de novo." O governo paquistanês, na época, confirmou que era um espaço de treinamento e que todos eram maiores de idade. Mas um jornal do país, o The News, publicou nomes, famílias e idades, provando as mortes de menores.
A porta-voz da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) para o sul da Ásia, Sarah Crowe, comentou em entrevista ao TBIJ: "Até mesmo a morte de uma criança por ataques não tripulados ou homens-bomba já é demais. As crianças não tem lugar na guerra e todas as partes devem fazer o máximo para protegê-las de ataques violentos em todos os momentos".
Mais de um terço dos ataques durante o governo do ex-presidente americano George W. Bush resultaram em mortes de crianças, já com o atual Barack Obama o cenário mudou um pouco. Em junho deste ano, o assistente de Obama para segurança interna e antiterrorismo, John Brennan, afirmou em palestra que "uma das coisas que o presidente tem insistido é que somos excepcionalmente precisos e cirúrgicos quanto à abordagem da ameaça terrorista. Nós não tomamos medidas que coloquem em risco estes homens, mulheres e crianças inocentes". Desde a morte de Osama Bin Laden, antigo líder da Al-Qaeda, na cidade paquistanesa Abbottabad, em maio deste ano, os ataques de aviões não tripulados têm aumentado.
Números mostram que o governo Obama está se esforçando para evitar as mortes, que diminuíram desde setembro de 2010. Mas, ao contrário das alegações de zero mortes, desde agosto de 2010 dos 116 ataques secretos há, no mínimo, dez em que morreram 45 civis, levantou o TBIJ.
Em 30 de julho a The Economist publicou que uma operação em março vitimou participantes de uma reunião sobre a disputa de uma mina. De acordo com a revista, 12 talibans e 40 civis teriam sido mortos. Em abril, a New York Times divulgou que um bombardeio na época matou cinco crianças e quatro mulheres entre os 23 alegados militantes. O jornal destacou que no dia anterior o presidente do Joint Chiefs of Staff, grupo de líderes militares americanos, Mike Mullen, se encontrou com o chefe militar paquistanês, general Ashfaq Kayani, e pediu que ele combatesse mais os militantes na região de Waziristan do Norte.
Apoio paquistanês
O New York Times, em 2009, também afirmou que o governo paquistanês ajudou os Estados Unidos e pediu que os americanos dividissem a tecnologia com eles, enquanto publicamente ainda anunciava condenar os ataques. No mesmo ano, os jornais The Times e The Wall Street Journal publicaram que o Paquistão, inclusive, permitia que a CIA usasse uma base aérea em Shamsi.
Em maio, documentos oficiais publicados pelo Wikileaks afirmaram que o chefe do exército, o general Ashfaq Kayani, não só concordou com os ataques como pediu ao comandante do Comando Centrar dos Estados Unidos, William J. Fallon, continuidade e maior vigilância de algumas áreas. Os documentos afirmam que nenhum acordo foi estabelecido.
Crime de guerra?
A organização britânica pró-direitos humanos Reprieve afirma que o número de vítimas inocentes seriam 730. As informações são obtidas através de um advogado paquistanês representante das famílias atingidas, Mirza Shahzad Akbar. O grupo levanto o questionamento: a CIA conduz uma guerra não declarada e ilegal, afetando civis?
Gabriel Valladares, assessor jurídico do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para a região do Cone Sul da América Latina, explica que ataques indiscriminados são crimes de guerra. "De acordo com o DIH [Direito Internacional Humanitário, que vale quando há conflitos armados], estes ataques [indiscriminados] são os que afetam indistintamente objetivos militares, pessoas civis e bens de caráter civil." Ele explica que, de acordo com o artigo 51º do Protocolo Adicional I de 1977 da Convenção de Genebra, tratado internacional que regula o DIH, ataques indiscriminados são aqueles que não são dirigidos contra um objetivo militar determinado, utilizam métodos que impossibilitam um foco determinado ou cujos efeitos não podem ser limitados. Bombardeios em regiões com concentrações civis são um exemplo.
Mas, antes de julgar, é preciso pesquisar a fundo, alerta Valladares. "Cada caso que acontece no conflito armado deve ser analisado em si mesmo com a maior [quantidade de] informação possível para determinar se o ataque escolhido foi conforme as regras do DIH ou não", diz. "No caso de um ataque de uma nave não tripulada for um ataque indiscriminado, ou ao menos causar perdas e danos que seriam excessivos com relação à vantagem militar concreta e direta prevista, então estaríamos frente a uma possível infração grave do DIH , conhecida também como crime de guerra."
Sobre os ataques aéreos e este balanço entre os objetivos militares e as casualidades civis, Valladares relembra a polêmica dos bombardeios da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) contra a rádio e pontes de Belgrado no conflito por Kosovo, em 1999, matando e ferindo vários civis. As acusações foram levadas ao Tribunal Penal Internacional, que analisou a proporcionalidade entre os objetivos militares das ações e as perdas civis, mas não chegou à uma conclusão e considerou que não julgaria o caso porque, durante os conflitos, a Iugoslávia não era membro da ONU (Organização das Nações Unidas).

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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Todas as crianças alfabetizadas.

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Out-of-escolares: novos dados revelam desafios persistentes
Segundo os novos dados do Instituto de Estatísticas da UNESCO (UIS), 67 milhões de crianças estavam fora da escola a nível mundial durante o ano letivo termina em 2009 (ver Figura 1). Este número vem caindo, especialmente desde 2000, quando a comunidade internacional reforçou compromissos para alcançar a educação primária universal. Desde então, a proporção de fora da escola de crianças em idade escolar caiu de 16% para 10%. Além disso, os esforços para melhorar o acesso à educação para as meninas tiveram resultados positivos. Em 2009, as meninas representaram 53% das crianças fora da escola em comparação com 57% em 2000.

No entanto, apesar destes progressos, o ritmo da mudança parece estar diminuindo. "Entre 2000 e 2005, vimos uma redução drástica no número de crianças excluídas da educação primária. Mas desde então, a taxa de variação diminuiu consideravelmente ", afirma Hendrik van der Pol, diretor do UIS. "A este ritmo, não vamos alcançar a educação primária universal até 2015. Então é hora de soar o alarme entre os governos e agências internacionais a nível mundial. "

"É cada vez mais difícil alcançar as crianças que permanecem excluídos da educação", afirma Kevin Watkins, diretor do Education for All Global Monitoring Report . "Os governos não devem cometer apenas para alcançar as metas nacionais, mas para combater seriamente as disparidades com base na riqueza, localização, etnia, gênero e outros marcadores de desvantagem. Mais também deve ser feito para proteger e proporcionar oportunidades de educação para os milhões de crianças privadas de educação devido ao conflito. "
 
Figura 1. Número de crianças fora da escola das crianças por região e sexo, 1990-2009


Fonte: banco de dados UIS, 2011.

Em 2009, havia 17 países com mais de 500 mil fora da escola as crianças. Nove desses países estão localizados na África sub-saariana. Na Etiópia, cerca de 2 milhões de crianças não estavam na escola em 2009. Isso representa 16% da população do país em idade escolar primária, que, no entanto, reflete um progresso considerável desde 1999, quando o número chegou a 63%.

Muitos outros países da África Subsariana Africano conseguiram reduzir significativamente os números de out-of-escolares durante a última década. Entre 1999 e 2009, a proporção de fora da escola de crianças diminuiu mais de 30 pontos percentuais em Burundi, Madagascar, Mali, Moçambique, Níger e na República Unida da Tanzânia. Grande parte desse progresso tem sido atribuída à abolição das propinas escolares. No entanto, a proporção de crianças fora da escola permanece muito elevada nos seguintes países: Guiné Equatorial (46%), Côte d'Ivoire (43%), Níger (41%), Burkina Faso (36%) e do Banco Central Africano República (31%).

Para mais informações:

- Download da ficha UIS disponível em Inglês e Francês
- Leia sobre a Iniciativa UNICEF / UIS conjunta Global sobre Fora da escola infantil .