sábado, 28 de setembro de 2013

ANALFABETISMO VOLTA A CRESCER.


Brasil 'ganha' 300.000 analfabetos em apenas um ano

Taxa registrou crescimento de 2011 para 2012, interrompendo a tendência de queda que se mantinha havia 15 anos, mostra novo estudo divulgado pelo IBGE

Cecília Ritto
O carioca Ionácio Santana sabe escrever e ler apenas o básico
O carioca Ionácio Santana sabe escrever e ler apenas o básico ( Leo Corrêa)
"O analfabetismo tem endereço no Brasil: está concentrado na população mais velha e nordestina", frisa Maria Lucia Vieira, coordenadora da pesquisa e gerente do IBGE.
Pela primeira vez em quinze anos, a taxa de analfabetismo cresceu no Brasil. É o que mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada em 2012 e divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de pessoas de 15 anos de idade ou mais que não sabem ler nem escrever subiu de 8,6% em 2011 para 8,7% no ano passado. Isso significa que no período de um ano, o país "ganhou" 300.000 analfabetos, totalizando 13,2 milhões de brasileiros. A tendência de queda, que se mantinha desde 1997, estacionou, despertando a atenção dos pesquisadores do IBGE, que agora se debruçam em busca de explicações. "Ainda estamos verificando o que levou a essa variação, já que o porcentual vinha caindo há tanto tempo", diz Maria Lucia Vieira, coordenadora da pesquisa e gerente do IBGE.

Analfabetismo – Série histórica (%)*

*Levantamento realizado apenas na área urbana do país
Com a lupa sobre cada região brasileira, o que se observa é que o Nordeste foi o principal responsável por elevar a taxa nacional - é onde moram 53,8% de todos os analfabetos do país, ou 7,1 milhões. No mesmo período de um ano, a taxa local passou de 16,9% para 17,4%. No Centro-Oeste, também houve crescimento, de 6,3% para 6,7% entre 2011 e 2012. Já no Sudeste, os números estão estagnados, enquanto o Norte e o Sul conseguiram manter a redução. "O analfabetismo tem endereço no Brasil: está concentrado na população mais velha e nordestina", frisa Maria Lucia.
O alagoano José Carlos Vieira dos Santos, de 54 anos, se encaixa no perfil observado pelo IBGE. Morador da cidade de Murici, começou a trabalhar aos 14 anos no corte de cana. Não teve tempo de frequentar a escola e chegou à idade adulta sem qualquer intimidade com as letras. "Ele escreve o nome todo, devagar, e se aborrece porque tem dificuldade", conta a mulher, Maria Cícera Guedes, da mesma idade, que cursou até a 5ª série do Ensino Fundamental (hoje 6º ano). Dos quatro filhos do casal, a mais velha largou a escola ainda na 1ª série. Atualmente com 30 anos, também não sabe ler nem escrever.
Maria lamenta. Diz que tem o sonho de ver os filhos concluindo os estudos. Mas apenas o de 18 anos lhe dá esperanças. No 2º ano do Ensino Médio, é o único com disposição de conquistar o diploma. Os outros dois irmãos, de 16 e 21 anos, ainda frequentam as salas de aula do primário. "Vejo muita coisa errada por aqui - drogas, por exemplo. Coloquei meus filhos no colégio para que aprendessem alguma coisa e ficassem longe da rua", diz a matriarca da família que exemplifica bem outra constatação do estudo: a dificuldade dos adultos em ultrapassar a barreira do analfabetismo.
  • Taxa de analfabetismo no Brasil
  • Por faixa etária
  • Nível de instrução dos brasileiros
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2004-2012.
Idade - Foi na faixa dos 40 aos 59 anos o crescimento mais representativo de analfabetos no país, de 9,6% para 9,8%. Uma das possibilidades é de que este grupo esteja mais crítico em relação ao conceito de analfabetismo. Por alfabetizado, o IBGE entende ser uma pessoa com condições de ler e escrever um bilhete simples. Mas a maioria dos analfabetos do país ainda tem 60 anos ou mais - eles são 3,2 milhões. Priscila Cruz, diretora executiva da ONG Todos pela Educação, enfatiza que a idade adulta é a mais resistente à escolarização. "Essas pessoas procuram o ensino só quando querem, e se tiverem tempo e disposição."
Cícero Custódio, morador de Lagoa do Ouro, interior de Pernambuco, engrossa as estatísticas. Assim como Santos, foi levado pelo pai ainda criança, aos 7 anos, para o trabalho na roça. Pisou na escola pela primeira vez somente aos 30 anos, ficou 15 dias, aprendeu a escrever o nome e viu a instituição fechar as portas. Até hoje, aos 63, não teve outra oportunidade. "Entendo as letrinhas muito pouco. Não sei fazer as palavras, nem juntar as letras para ler. Fico enrascado nisso aí", explica. Fez questão de matricular os seis filhos na escola, mas não viu nenhum chegar ao Ensino Médio. "A maior ajuda que os pais podem dar é apoiando os estudos."
Escolarização - Entre os mais jovens, a taxa de analfabetismo é drasticamente menor - apenas 1,2% dos 15 aos 19 anos, por exemplo -, o que pode indicar uma redução no futuro das taxas entre os mais velhos. O gargalo, neste caso, fica por conta do Ensino Fundamental, incompleto para 33,5% da população com 25 anos ou mais (que exclui os grupos em processo de escolarização). É o caso de Ionácio Santana, carioca de 37 anos, pai de doze filhos, morador da favela do Vidigal e conhecido na praia de Ipanema pela barraca em frente à Rua Farme de Amoedo, onde aluga cadeiras e vende bebidas.
Leo Corrêa
Ionácio Santana
Gostava de estudar, garante. Chegou à 6ª série do Ensino Fundamental (hoje 7º ano), até que desistiu para viver o sonho de ser jogador de futebol. Entrou para o profissional da Ponte Preta e os juniores do Botafogo. Mas a carreira não foi adiante, e ele admite arrependimento da escolha que fez no passado. "Toda vez que empurro um carrinho de mão para carregar material de obra, lembro da minha irmã avisando que era melhor eu estudar. A escola era muito boa. A professora acordava cedo para ajudar trinta alunos a serem alguém na vida."
Para não repetir o erro com os filhos, Nélio, como é conhecido, mantém sete deles na escola. Até o caçula, de 10 meses, está prestes a entrar na creche. "Se com estudo está difícil, imagina sem. Com os meus filhos, eu sou duro", afirma ele, revelando que também tem planos de retomar os estudos, no próximo ano. Entre os motivos, está o carro que comprou há pouco tempo mas não pode dirigir, porque precisa passar pela prova teórica exigida para tirar a carteira de motorista.
A Pnad 2012 traz também dados positivos, como a redução na taxa de analfabetos funcionais (capazes de ler e escrever mas com dificuldades de interpretação do texto). Entre a população com 15 anos de idade ou mais, 18,3% tem menos de quatro anos de estudo completo, o equivalente a 27,8 milhões de brasileiros. O número é significativo, mas representa uma queda de 2,1 pontos porcentuais em relação a 2011, quando eles eram 20,4% do total. As regiões Norte e Nordeste ainda apresentam as maiores taxas de analfabetismo funcional, de 21,9% e 28,4% respectivamente.
Futuro - A situação geral, porém, é preocupante. O país está se distanciando da meta firmada com a Organização das Nações Unidas (ONU): diminuir a taxa de analfabetos para 6,7% até 2015. Faltam dois anos, portanto, para fazer ler e escrever cerca de 3 milhões de pessoas. Mas o governo não tem se esforçado para atingir o objetivo. A diretora executiva da ONG Todos pela Educação, Priscila Cruz, alerta para o fato de que, neste sábado, o país completa mil dias sem um Plano Nacional de Educação, responsável por nortear políticas públicas pelos próximos dez anos. "O não avanço é sempre um retrocesso em educação", critica.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

OIT: trabalho infantil no mundo é reduzido em um terço entre 2000 e 2013

OIT: trabalho infantil no mundo é reduzido em um terço entre 2000 e 2013

Carolina Sarres - Agência Brasil 23.09.2013 - 06h32 | Atualizado em 23.09.2013 - 08h40
Brasília - Os casos de trabalho infantil no mundo tiveram redução de um terço entre 2000 e 2013, segundo dados do estudo Medir o Progresso na Luta contra o Trabalho Infantil: Estimativas e Tendências, divulgado hoje (23) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). O número de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos trabalhando nos últimos 13 anos caiu de 246 milhões para 168 milhões.
Para a OIT, o avanço no combate ao trabalho infantil foi possível devido à intensificação de políticas públicas e da proteção social das crianças e dos adolescentes nos últimos anos, acompanhada pela adesão a convenções da organização e pela adoção de marcos legislativos sólidos no âmbito nacional. A instituição verificou que os maiores progressos na queda do uso desse tipo de mão de obra ocorreu entre 2008 e 2012.
De acordo com a OIT, essa redução, no entanto, não é suficiente para eliminar as piores formas de trabalho infantil - meta assumida pela comunidade internacional em parceria com a organização, por meio da Convenção 182. A estimativa é que mais da metade das crianças envolvidas em algum tipo de trabalho exercem atividades consideradas perigosas.
“Estamos nos movendo na direção correta, mas os progressos ainda são muito lentos. Se realmente queremos acabar com o flagelo do trabalho infantil no futuro próximo, é necessário intensificar os esforços em todos os níveis. Existem 168 milhões de boas razões para fazê-lo”, declarou o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.
As piores formas de trabalho infantil são as consideradas perigosas - atividade ou ocupação, por crianças ou adolescentes, que tenham efeitos nocivos à segurança física ou mental, ao desenvolvimento ou à moral da pessoa. O trabalho doméstico, por exemplo, é considerado uma das piores formas. Segundo a OIT, aproximadamente 15 milhões de crianças estão envolvidas nesse tipo de atividade. Só no Brasil, são quase 260 mil.
A divulgação do estudo levou em consideração a proximidade da 3ª Conferência Global sobre Trabalho Infantil, que será realizada em Brasília, em outubro.
Regionalmente, o maior número de crianças em atividade no mercado de trabalho está na Ásia - 78 milhões, cerca de 46% do total. Proporcionalmente à população, no entanto, o Continente Africano é o que concentra o maior percentual de menores de 18 anos envolvidos nesse tipo de atividade, 21%.
Em relação ao setor em que crianças e adolescentes são encontrados trabalhando com maior frequência, a agricultura é o que tem a maior concentração, 59% dos casos (98 milhões). Os setores de serviços (54 milhões) e da indústria (12 milhões) também mostram incidência de uso de mão de obra infantil, especialmente na economia informal.
Edição: Graça Adjuto
  • Direitos autorais: Creative Commons - CC BY 3.0

sábado, 7 de setembro de 2013

Return to learning vital for children amid Syria crisis

Press release

Return to learning vital for children amid Syria crisis

Funding desperately needed to increase learning opportunities for children
AMMAN, 6 September 2013-Since last school year, almost two million Syrian children have dropped out of school, nearly 40 per cent of all pupils registered in grades 1 to 9. One million Syrian children are now refugees and helping them back to school is proving challenging.

“For a country that was close to achieving universal primary education before the conflict started, the numbers are staggering” said Maria Calivis, UNICEF Regional Director for the Middle East and North Africa. 

“Displacement, violence, fear and instability are robbing hundreds of thousands of children of the joy of learning. Parents tell us they are desperate for their children to continue their education”.

As schools are set to re-open in Syria and neighboring countries over the coming weeks, the task of bringing children back to learning is monumental.

In Lebanon, the government estimates that there will be close to 550,000 school-aged Syrian children in the country by the end of this year, in addition to the 300,000 Lebanese children in the public school system. In 2013, just 15 per cent of Syrian refugee children were studying in formal or non-formal systems.

In Jordan, around two-thirds of Syrian school-aged children are out of school. Of the 30,000 school-aged children who live in the Za’atari Refugee Camp, 12,000 are registered for school.

In Iraq, nine out of 10 refugee children living in host communities are out of school. The past three weeks have seen more than 50,000 new refugees to the Kurdistan Region, around half of whom are children who will need support to keep learning.

Children are facing challenges going to school for a whole host of reasons – intensifying violence inside Syria; language challenges; access; security; poverty; and tensions.

In the face of all these challenges and amid increasing needs, UNICEF is doubling its efforts to bring children back to continuous learning in safety.

In Syria, this includes a home-based self-learning programme for conflict zones.

In Lebanon, schools have been set up in buses that reach both Lebanese and Syrian refugee children.

In Jordan, imams and community leaders are helping to promote a return to learning, additional classrooms are being set up to increase learning space, more teachers are being recruited and school supplies and furniture are being distributed.

In Iraq, temporary tent classrooms are being erected as quickly as possible to accommodate the most recent wave of refugees.

Far more financial support and funding is needed to provide more Syrian children with access to education. Of UNICEF’s $470 million appeal for the Syria response, education remains the least funded sector, with just $51 million received out of $161 million requested.

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About UNICEF
UNICEF works in 190 countries and territories to help children survive and thrive, from early childhood through adolescence. The world’s largest provider of vaccines for developing countries, UNICEF supports child health and nutrition, good water and sanitation, quality basic education for all boys and girls, and the protection of children from violence, exploitation, and AIDS. UNICEF is funded entirely by the voluntary contributions of individuals, businesses, foundations and governments. For more information about UNICEF and its work visit: www.unicef.org
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For further information, please contact:

Simon Ingram, UNICEF Regional Office for the Middle East and North Africa, singram@unicef.org, +962-79590-4740

Juliette Touma, UNICEF Regional Office for the Middle East and North Africa, jtouma@unicef.org, +962-79-867-4628
Comunicado de imprensa

Voltar para o aprendizado vital para as crianças em meio à crise na Síria

Financiamento precisava desesperadamente de aumentar as oportunidades de aprendizagem para crianças

AMÃ , 06 de setembro de 2013 - Desde o ano passado a escola, quase dois milhões de crianças sírias caíram fora da escola, cerca de 40 por cento de todos os alunos inscritos nas classes 1 a 9. Um milhão de crianças sírias estão agora refugiados e ajudá-los a voltar para a escola está se mostrando um desafio.

" Para um país que estava perto de alcançar a educação primária universal antes do conflito começar, os números são surpreendentes ", disse Maria Calivis , Directora Regional da UNICEF para o Oriente Médio e Norte da África .

" Deslocamento , violência, medo e instabilidade estão roubando centenas de milhares de crianças da alegria de aprender . Os pais nos dizem que estão desesperados por seus filhos para continuar a sua educação . "

Como as escolas estão definidas para reabrir na Síria e nos países vizinhos ao longo das próximas semanas, a tarefa de trazer as crianças de volta para a aprendizagem é monumental.

No Líbano, o governo estima que haverá perto de 550 mil crianças sírias em idade escolar no país até o final deste ano, além das 300 mil crianças libanesas no sistema escolar público. Em 2013 , apenas 15 por cento das crianças de refugiados sírios foram estudar em sistemas formais ou não- formal.

Na Jordânia, cerca de dois terços dos sírios crianças em idade escolar estão fora da escola . Das 30.000 crianças em idade escolar que vivem no Campo de Refugiados Za'atari , 12.000 estão registrados para a escola.

No Iraque, nove em cada 10 crianças refugiadas que vivem em comunidades anfitriãs estão fora da escola . As últimas três semanas vi mais de 50 mil novos refugiados à região do Curdistão , cerca de metade dos quais são crianças que precisam de apoio para continuar aprendendo.

As crianças estão enfrentando desafios que vão à escola para toda uma série de razões - a intensificação da violência dentro da Síria ; desafios de linguagem , acesso , segurança , pobreza e tensões.

Diante de todos esses desafios e , em meio a necessidades crescentes, UNICEF está dobrando seus esforços para trazer as crianças de volta para o aprendizado contínuo em segurança.

Na Síria, o que inclui um programa de auto -aprendizagem baseado em casa para zonas de conflito.

No Líbano , as escolas foram criadas em ônibus que atingem crianças de refugiados libaneses e sírios .

Na Jordânia, imãs e líderes comunitários estão ajudando a promover um retorno à aprendizagem , salas de aula adicionais estão a ser criadas para aumentar o espaço de aprendizagem, mais professores estão sendo recrutados e material escolar e mobiliário estão sendo distribuídos .

No Iraque, salas de aula de tendas temporárias estão sendo erguido o mais rápido possível para acomodar a mais recente onda de refugiados.

É necessário um apoio muito mais financeira e de financiamento para proporcionar às crianças mais sírias com o acesso à educação . De apelo da UNICEF 470000000 dólar para a resposta da Síria , a educação continua a ser o setor menos financiado, com apenas 51.000 mil dólares recebidos fora de $ 161.000.000 solicitado.

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Sobre o UNICEF

A UNICEF trabalha em 190 países e territórios para ajudar as crianças a sobreviver e prosperar, desde a infância até a adolescência. O maior fornecedor mundial de vacinas para países em desenvolvimento , a UNICEF apoia a saúde e nutrição infantil, boa água e saneamento, educação básica de qualidade para todos, rapazes e raparigas , ea protecção das crianças contra a violência, a exploração ea SIDA . A UNICEF é inteiramente financiada por contribuições voluntárias de particulares, empresas , fundações e governos . Para mais informações sobre o UNICEF e sua visita de trabalho : www.unicef.org

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Simon Ingram, Escritório Regional da UNICEF para o Oriente Médio e Norte da África , singram@unicef.org , +962-79590-4740

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