Pela 1ª vez, partido ultranacionalista deve ter representação no Parlamento grego
Líder do Amanhecer Dourado anuncia início de 'revolução' contra ' traidores' e rejeita rótulo neonazista
iG São Paulo |
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O partido ultranacionalista e anti-imigração Amanhecer
Dourado deve conquistar espaço no Parlamento da Grécia pela primeira vez
na história do país. De acordo com os resultados preliminares da eleição
parlamentar realizada no domingo, a legenda teve entre 5% e 7% dos
votos, um aparente reflexo da insatisfação dos eleitores em relação à
coalizão de governo que apoia duras medidas de austeridade para combater
a crise econômica.
O líder do partido, Nikolaos Michaloliakos, anunciou o início de uma
“revolução” contra a coalizão de governo, cujos integrantes classificou
de “traidores” e responsáveis pela crise. “Eles nos caluniaram, jogaram
lama contra nós, nos impediram de aparecer na imprensa, nos canais de TV
da elite corrupta – mas nós vencemos”, afirmou Michaloliakos, 55 anos,
em entrevista à Associated Press. “A revolução nacional dos gregos
começou contra aqueles que querem nos vender, nos saquear.” Leia também: Coalizão de governo da Grécia perde maioria no Parlamento
Foto: AP
O líder do partido ultradireitista Amanhecer Dourado, Nikolaos Michaloliakos, concede entrevista em Atenas (06/05)
Na Grécia, partidos políticos precisam ter mais de 3% dos votos para
entrar no Parlamento. O sistema de proporcionalidade permitiria que o
Amanhecer Dourado tivesse cerca de 20 entre as 300 cadeiras disponíveis,
ganhando representação pela primeira vez desde o fim do regime militar,
em 1974. Na última eleição parlamentar, em 2009, o Amanhecer Dourado
conseguiu apenas 0,29% dos votos.
Uma das principais bandeiras do país é a luta contra a imigração. Na
televisão, um anúncio do Amanhecer Dourado sobre imigrantes tinha o
seguinte slogan: “Vamos livrar o país do mau cheiro.” Seus partidários
são comumente vistos intimidando imigrantes na capital do país, vestidos
com camisas pretas que estampam um emblema parecido ao de uma
suástica.
O partido, porém, nega o rótulo de neonazista, dizendo-se
ultranacionalista e explicando que o emblema é um antigo símbolo grego
que significa "bravura e luta sem fim”. Fundado em 1993, o partido é
acusado de ter vínculo com movimentos neonazistas europeus e com
integrantes da junta militar deposta em 1974.
O Amanhecer Dourado ganhou forças nas eleições municipais de
2010, quando Michaloliakos foi eleito vereador de Atenas, com até 20%
dos votos em alguns bairros. Durante uma assembleia, ele causou furor ao
fazer uma saudação nazista.
Em entrevista coletiva neste domingo, Michaloliakos prometeu lutar
por uma Grécia “independente e livre”. “Nenhum bom cidadão precisa ter
medo de mim. Quanto aos traidores, não sei”, afirmou. “Estamos chegando e
vamos lutar para libertar a Grécia dos tubarões globais, por uma Grécia
de dignidade e independência, por uma Grécia que não seja uma selva
social com esses milhões de imigrantes ilegais.” Eleição
Os dois partidos da coalizão de governo na Grécia, que apoiam medidas
rigorosas de controle fiscal, perderam a maioria que tinham no
Parlamento grego nas eleições gerais de domingo.
Com quase todos os votos apurados, o partido de centro-direita Nova
Democracia aparece à frente com 19% - bem abaixo dos 33,5% obtidos nas
eleições de 2009. A coalizão de partidos de esquerda Syriza - que se
opõe às medidas de austeridade fiscal do atual governo - acumula a
segunda maior votação, com 16,7%.
O outro partido da coalizão, o socialista Pasok, ficou apenas em
terceiro lugar, com 13,3% dos votos (nas eleições anteriores, havia sido
o partido mais votado, com 43,9%).
O líder do Nova Democracia, Antonis Samaras, afirmou que pretende
formar um governo de salvação nacional para manter o país na zona do
euro, mas acrescentou que planeja "adicionar emendas" ao polêmico acordo
acertado para a liberação do pacote de ajuda da União Europeia e do
FMI.
O líder do partido Esquerda Democrática, Fotis Kouvelis, disse à
Reuters que seu partido não vai aceitar se juntar a nenhuma coalizão com
o PASOK ou o Nova Democracia.
"Descartamos participar de um governo PASOK-Nova Democracia", disse
Kouvelis após um encontro do partido para definir sua estratégia.
"Podemos participar de um governo de coalizão com outras forças
progressivas", disse ele, referindo-se a outros partidos de esquerda que
juntos não têm assentos suficientes no Parlamento para obter maioria. Com AP e informações do “The Telegraph”
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