quarta-feira, 23 de outubro de 2013
22 de outubro de 1964 - Sartre declina Nobel de Literatura
22/10/2010 - 01:54 | Enviado por: Alice Melo
“Para não se comprometer”, Jean-Paul Satre declinou o Prêmio Nobel de Literatura de 1964. Constantemente inconformado e leal a seu pensamento existencialista e revolucionário, um dos maiores intelectuais do pós-guerra alegou que “nenhum escritor pode ser transformado em instituição”, ao recusar o prêmio.
“Não me movo, não dou nem mesmo uma olhadela à festa. Continuo prudentemente a minha leitura, as luzes acabam por apagar-se. Nada mais sinto se não um ritmo, um impulso irresistível, sigo, avanço, sinto a velocidade de minha alma”, escreveu ele na obra autobiográfica, Les Mots.
Sartre descobriu, segundo conta, “o mundo através da linguagem, e por muito tempo tomei a linguagem pelo mundo”. Só muito tempo depois veio a formular em definitivo os conceitos que o tornariam célebre, como “o homem é inteiramente responsável pelos seus atos”, ou " o homem está condenado à liberdade".
Criado pelos avós na grande Paris, numa família burguesa cheia de mimos, Sartre tirou da infância muito material para sua obra futura. Era uma criança solitária e, apesar dos amigos na juventude, manteve a insatisfação de ter tido uma infância problemática. Encantado pela biblioteca do avô, lia tudo o que lhe caía nas mãos. Com o passar do tempo, passou a recontar a história, com suas próprias palavras em forma de texto.
O primeiro livro do pensador foi O Muro (1937), seguido um ano depois por A Náusea, um de seus maiores romances. A náusea de Sartre não era um estado de exceção, mas um aprofundamento de uma sensação que estava na alma de todo homem normal. A náusea dominou o pensamento do escritor.
“A morte era minha vertigem, porque me agradava viver. Isso explica o medo que ela me inspirava. Identificando-a com a com a glória, fiz dela minha meta”. Torturado com o absurdo do viver, Sartre atirava-se ao trabalho lendo e escrevendo sem cessar. Por trás do mundo das palavras, o escritor francês impunha-se uma rígida disciplina. Tinha como regra trabalhar pelo projeto de aperfeiçoamento até a morte.
“A existência é um plano que o homem não pode jamais abandonar”
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