segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Cerca de 3 mil moradores incendiaram propriedades da Funai e da Funasa.

Centenas de índios pedem abrigo do Exército em Humaitá (AM) após protestos da população Cerca de 3 mil moradores incendiaram propriedades da Funai e da Funasa. Os índios são acusados pelo desaparecimento de três homens na rodovia BR-230, que passa dentro da reserva indígena. Só nesta quinta (26) a polícia se pronunciou oficialmente Manaus (AM), 26 de Dezembro de 2013 VINICIUS LEAL* População revoltada promove caos em Humaitá (AM) Populares usaram combustível, pedras, rojões de fogo e coquetéis molotov para destruir propriedades voltadas aos indígenas em Humaitá (Raolin Magalhães/Freelancer) Um clima de guerra tomou conta do município amazonense de Humaitá (a 675 quilômetros a sul de Manaus) nos últimos dois dias e fez com que 141 índios de várias etnias que moram na Terra Indígena de Tenharim pedissem refúgio do Exército Brasileiro no local. A reserva Tenharim fica entre Humaitá, Apuí e Manicoré, e é cortada pela rodovia BR-230, a Transamazônica. A população acusa os índios de sequestro. Em alojamentos do 54º Batalhão de Infantaria de Selva, na própria cidade de Humaitá, estão abrigados 34 crianças indígenas, seis idosos, 38 mulheres - algumas delas grávidas -, e 65 homens. Segundo o Exército, esses 141 refugiados estavam no perímetro urbano retornando para as aldeias, mas foram impedidos de voltar após serem ameaçados por populares durante protestos na noite de quarta (25). Alguns dos 141 índios estavam recebendo atendimento médico na Casa de Saúde do Índio, local administrado pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), e tiveram que fugir da confusão. “A maioria mulheres e crianças estão com problemas de saúde. Os índios não podiam retornar. A via de acesso à aldeia estava bloqueada (pela população)”, declarou o coronel Mendonça, do Comando Militar da Amazônia (CMA). “Um cacique Tenharim e um representante da Funai procuraram o comandante do 54º Batalhão para que a integridade física dos índios fosse garantida. O Exército recebeu os índios como receberia qualquer pessoa”, declarou Mendonça. Segundo ele, os indígenas tiveram sua integridade física ameaçada e a situação no local é considerada crítica. Mais de 3 mil pessoas invadiram, depredaram e incendiaram prédios da Fundação Nacional do Índio (Funai), da Funasa, no mínimo dez veículos (como carros e caminhonetes) e duas embarcações de propriedade da União, que estavam atracadas na orla de Humaitá. Os 186 policiais militares que atuam na cidade, contando até com quem estava de folga e foi convocado emergencialemtne, não conseguiram conter a população. A região possui histórico de conflitos e tensão entre grileiros, invasores e os índios. Essa última revolta contra os indígenas de Tenharim começou depois que três homens desapareceram na rodovia BR-230, no último dia 16 de dezembro, e nenhuma autoridade deu retorno para os familiares sobre as investigações. Pessoas disseram terem visto os homens pela última vez em um carro preto no KM 85 da estrada. O desaparecimento do trio foi registrado e a Polícia Federal de Rondônia (PF-RO) se responsabilizou pelo caso. Com mais de uma semana sem respostas do Poder Público, familiares e amigos se revoltaram contra aqueles que eles consideram culpados: os indígenas. Durante o protesto, a população usou barris de combustível, pedras, rojões de fogos de artifício e coquetéis molotov contra as propriedades da União. “O nosso efetivo não deu conta, a população fez os policiais militares recuarem após um longo confronto. Eram 3 mil contra 100”, conta o vereador Edvaldo França, de Humaitá, que é sargento da Polícia Militar (PM) de licença. Reforço O Comando de Policiamento do Interior do Amazonas (CPI) enviou de Manaus para Humaitá, na manhã desta quinta (26), duas aeronaves com 38 policiais militares para reforçar o trabalho de contenção das revoltas. O clima de calmaria e tranquilidade nas ruas de Humaitá na manhã desta quinta contrastava com a cenário de guerra da noite anterior. Na última terça-feira (24), cerca de 30 familiares e amigos tinham bloqueado o acesso de carros e pessoas à orla de Humaitá durante protesto por respostas da PF-RO. O grupo empunhava cartazes nas mãos enquanto uma fila de carros e caminhões se formava pela estrada de acesso ao porto. Os manifestantes teriam dado prazo até quarta para receberem algum posicionamento das autoridades. Desaparecidos Desapareceram no dia 16 de dezembro o professor Stef Pinheiro de Souza, que mora Apuí; o gerente da Eletrobrás Amazonas Energia Aldeney Ribeiro Salvador, que trabalha na comunidade do Santo Antônio do Matupi, em Manicoré; e o representante comercial Luciano da Conceição Ferreira Freire, que reside em Humaitá. “O caso já saiu do âmbito familiar. Agora não são mais apenas os familiares e amigos que estão revoltados, é toda a população”, afirma Israel Júnior, parente do desaparecido Luciano. Segundo ele, as pessoas estão vendo a situação como um descaso das autoridades. “Eles desapareceram no dia 16, dois dias depois prestaram queixa e até agora ninguém fez nada, nem sequer emitiram uma nota oficial”, diz. Investigação De acordo com Israel, a PF-RO afirmou que, com seu efetivo de 30 pessoas, não consegue entrar na mata da reserva, área federal, para realizar as buscas. “Os índios dizem que os rapazes não estão lá, mas também não permitem a entrada de ninguém. Afirmam que só vão autorizar se for por meio da Funai ou se for uma decisão judicial federal”, disse Israel. A Funai de Humaitá informou no início da semana que estava participando das investigações e intermediava o trabalho da PF-RO dentro da reserva de Tenharim. Segundo Israel, a PF de Rondônia, que detém jurisdição da área, chegou a ir até os portões da reserva indígena dos Tenharim, mas não foi autorizada a entrar para realizar as buscas. “A PF pediu que os próprios índios fizessem as buscas, o que revoltou ainda mais a população”, diz um morador do município que pediu para não ser identificado. Após dez dias do desaparecimento, a Polícia Federal de Rondônia se pronunciou por meio de nota. Segundo o órgão, foi instaurado um inquérito sobre o caso e foram realizadas buscas em locais que não foram informados. De acordo com a PF-RO, nenhum resultado foi alcançado durante as investigações até o momento. A assessoria da Funai também disse que enviaria nota sobre o caso. 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(0) Relatar abuso (0) O impacto das violências atuais é decuplado pela lembrança de massacres de num passado recente.os terrores continuam. A justiça deve ser feita a partir de provas e todas asa pessoas que deram a origem desta baderna devem pagar pelo ato de depredação e vandalismo. Me solidarizo com a dor dos familiares dos desaparecidos que, por sinal, afirmam não ter incentivado o quebra-quebra. a destruição das infra-estrutura que da mesma forma encista na busca de resposta do desaparecimento dos que os familiares tem todo esse direito. Com todo que aconteceu, isso não justifica a tamanha o ato de vandalismo com prédio do governo da FUNAI e SESAI (atendimento à saúde). A quem beneficia esse movimento anti-indígena? Quem o incentivou? tenho certeza que alguém vai pagar. Isso vai terminar prisões de e mais investimentos na saúde indígenas daqueles povos. Justiça 27 dez 13, 2:42 pm (há cerca de 3 dias, 64 horas) Recomendar? (1) Relatar abuso (0) É uma vergonhas que acontece nesses interiores... Pra passar pela estrada tem q pagar pedagio pra índios.... Que nao pagam impostos como nos pobres mortais..pelo contrario somos ameaçados e achacados.... Passei nessa estrada e tive q pagar pra um "índio" q tava com um cordão de ouro mais grosso q o meu dedo mindinho.. Tênis de marca..parecia q ia pro shopping.... Pare com isso gente..vamos respeitar quem trabalha pra sustentar esse país! Tiraram a vida de pessoas inocentes trabalhadoras ! Esse Aldeney um rapaz bom que saiu de sua cidade pra dar sua vida no interior do estado..pra que? Pra morrer na mão de selvagens? Cade a justiça? Só apareceu no jornal nacional pq queimaram a FUNAI ... Mas três pessoas que podem estar assassinadas não vale a pena mostrar? Manauense 27 dez 13, 4:46 pm (há cerca de 3 dias, 62 horas) Recomendar? (3) Relatar abuso (1) Branco é jorge lobo e marques? Vocês deveriam ser presos por racismo!!! Por preconceito! Por ignorância! Vocês brancos, ditos "civilizados, gostam muito é de briga, pistolagem, invasão, depredação do meio-ambiente - são ambiciosos por terras. Onde "brancos civilizados" chegam, acaba a paz! Bem feito para os brancos civilizados que perderam as terras que haviam invadido na reserva Raposa Serra do Sol em Roraima, vendiam um arroz de péssima qualidade e caro. Bem feito pra quem tem que parar na reserva Waimiri Atroari para não perturbar a caça dos índios pois eles vivem assim há séculos e não acumulam riquezas. Mas ninguém se importa de parar na Venezuela e passar por humilhação pela polícia de lá. Querem respeito mas não respeitam o outro. Bem feito pra todos nós quando acabar a última reserva indígena e os últimos índios forem exterminados. Não sabemos viver harmoniosamente com a natureza como eles, perderemos conhecimentos seculares. O remédio que cura ou que poderá curar pode estar baseado nas culturas milenares dos índios e nas florestas que eles habitam. Miracelma 27 dez 13, 5:55 pm (há cerca de 3 dias, 61 horas) Recomendar? (0) Relatar abuso (1) Vergonha é sair acusando os índios Tanharim de terem tirado a vida de alguém sem provas, me solidarizo com a dor da família dos desaparecido espero a Deus que eles apareçam, agora uma coisa é certa o Cacique Ivan Tanharin foi morto atropelado e está sendo ignorado.,ninguém falar nada a respeito. Também acho que nada justifica esse vandalismo, essa região possui histórico de conflitos entre grileiros invasores e os índios. nelson INDIO simplicio 27 dez 13, 7:17 pm (há cerca de 2 dias, 60 horas) Recomendar? (0) Relatar abuso (0) ---Alguma coisa ta errada, na terra dos marechais, se bobear, antes de terminar, aldeia nao tem MAIS AUTOR nelson simplicio Josélia Neves 28 dez 13, 12:05 am (há cerca de 2 dias, 55 horas) Recomendar? (0) Relatar abuso (0) NUMA PALAVRA ANTI INDIGENISMO, PRECONCEITO E VIOLÊNCIAS INJUSTIFICÁVEIS. A POLICIA PRECISA DAR RESPOSTAS PARA QUE O PRECONCEITO E A DISCRIMINAÇÃO CONTRA OS POVOS INDÍGENAS SEJA EFETIVAMENTE COMBATIDO. VIVA O POV comentários Nome (requerido) e-mail (requerido) Comentário (máximo 246 caracteres) http://acritica.uol.com.br/amazonia/Exercito-Humaita-AM-protestos-populacao_0_1054694531.html

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